Uma criança de 13 anos foi morta soterrada por uma vala cavada pela empresa de energia eólica Pan American Energy (PAE) enquanto brincava com colegas nos arredores da Comunidade Lagoa Bastos, em Piatã, Bahia, onde morava. O crime ocorreu em abril de 2024. 4k3610
Em relato ao monopólio de imprensa Folha de São Paulo, Delci Moreira, pai da criança, a vale foi cavada pela empresa durante a construção da estrada local, em 2023, para permitir a agem dos equipamentos das turbinas eólicas, contudo, em nenhum momento a empresa garantiu a segurança do local, deixando-a aberta drenando água. Com o acúmulo de umidade na terra, a vala cedeu no momento em que as crianças brincavam no local, soterrando-os e matando o adolescente Paulo Gustavo Carvalho dos Santos.
Em nota enviada para a Folha, a PAE, empresa de energia ligada ao capital imperialista britânico, negou qualquer responsabilidade pelo ocorrido, se abstendo da responsabilidade pela construção e permanência da vala.
Além do assassinato culposo de Paulo Gustavo, os moradores relatam uma série de impactos negativos promovidos pela empresa responsável pelo parque eólico, que abrange outros seis municípios em um investimento de mais de R$ 3 bilhões.
Dentre os impactos está o surgimento de rachaduras nas residências dos camponeses, causadas sobretudo pelo transporte de veículos pesados e por explosões “controladas” no solo, feitas para instalar novas turbinas. O transporte de lama, poeira e a poluição da água também estão entre as reclamações.
Usinas eólicas promovem ataques à soberania camponesa 103551
Nos últimos anos, as comunidades camponesas no Nordeste estão sendo forçadas a conviver com o avanço desenfreado das Usinas de Energia Eólica, vendidas pelos porta-vozes do imperialismo como um meio de “energia verde”, renovável, logo vantajosa para o meio natural. Contudo, os verdadeiros impactos à população são ocultos pela propaganda.
“É um dinheiro que esses agricultores não fariam em uma vida inteira só com sua atividade principal. Por uma única torre, podem receber até R$ 50 mil por ano”, afirmou o executivo de um gerador eólico no Ceará para o portal Capital Reset. Contudo, os números reais parecem contestar essa versão.
Em 2015, a EDP Renováveis, ligada ao capital imperialista espanhol, chegou a pagar R$ 1 real mensal para cada camponês por hectare arrendado, aproximadamente um campo de futebol, no Polo Borborema, Paraíba.
Atualmente, a faixa de pagamento é de aproximadamente R$ 1,200 por mês, valor que, ao somarmos todos os meses do ano, chegariam a R$ 21 mil, menos da metade do valor sugerido pelo empresário.
Os contratos geralmente são pagos de forma mensal ou semestral, sem previsões de multa moratória, para caso as empresas atrasem, garantindo que os abusos sejam propagados.
Em caso de quebra contratual, os camponeses precisam pagar todo o valor para ressarcir os proprietários imperialistas de qualquer dano, sendo obrigatório o pagamento de todo valor investido até então. Caso o camponês venha a falecer, a dívida é ada para seus herdeiros. Já os proprietários podem quebrar o contrato quando acharem conveniente.
A empresa espanhola chegou a afirmar que o impacto seria positivo, pois além de entregar uma miséria para os camponeses, promove “uma convivência harmoniosa com as atividades agropecuárias das propriedades rurais, respeitando os requisitos de segurança inerentes à natureza do empreendimento de geração de energia elétrica”. Um estudo elaborado pela Universidade de Pernambuco (UPE) revelou que as Usinas Eólicas reduzem a produção leiteira de 18 a 20%, além de promover o suicídio de suínos, perturbados com o barulho intenso.
Camponeses processam empresa eólica no Rio Grande do Norte 1a5n5s
Revoltados com os impactos promovidos pelos parques de Energia Eólica, camponeses da Serra do Mel entraram com uma ação judicial contra a multinacional Voltalia, exigindo a mudança de local do empreendimento para mais de 2 mil metros da residência mais próxima. O processo foi ajuizado no dia 21 de maio.
Como justificativa, está o aumento exponencial de transtornos psicológicos entre os moradores e os danos nas plantações de caju, castanha e mel, devido à alta mortandade de abelhas, fundamentais para a produção local.
De acordo com dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica, divulgados pelo advogado Felipe Vasconcelos, houve um “salto de mais de 14.000% de incidências de enfermidades ligadas à síndrome da turbina eólica”, nome dado aos impactos promovidos pelas Usinas, que englobam doenças como distúrbio de sono e transtornos de ansiedade, promovidos pelo barulho incessante.