Editorial Semanal – Um sério acontecimento 1h305w

Editorial Semanal – Um sério acontecimento 1h305w

3n5l5o

O atentado a tiros de um extremista de direita no centro de Foz do Iguaçu, em 9 de julho, a quase 90 dias para as eleições, é signo e prenúncio do que tende ser o processo eleitoral deste ano. No atentado morreu o guarda municipal Marcelo Arruda, dirigente sindical e militante do PT, em plena festa de seu 50º aniversário, festa cujo tema foi o PT. O homem, no entanto, sendo guarda municipal, portava arma e também atingiu o celerado bolsonarista, que se encontra hospitalizado e com prisão preventiva decretada. O assassino é o policial penal federal Jorge Guaranho, que disparou contra o petista quase a queima-roupa de forma premeditada, visto que após atos de provocação ao aniversariante, retornou ao local para isso, enquanto de seu carro saía o som estridente de músicas alusivas a Bolsonaro.

Essa não foi a primeira ação da extrema-direita no período pré-farsa eleitoral em curso, mas foi a primeira que resultou em morte, primeira de outras que tendem a ocorrer. Antes, em Uberlândia, um drone sobrevoou um comício do PT e lançou excrementos contra os presentes; mais recentemente, no Rio de Janeiro, um ato eleitoral do oportunismo foi alvo de uma bomba com fezes; e inclusive disparos foram feitos contra a janela da redação do monopólio de imprensa Folha de SP, em 7 de julho. Agora, a execução do ativista do PT. Como se vê, é uma escalada de violência política.

O crescimento de ações da extrema-direita, que vão se acumulando e já se manifestou como atentado, é resultado direto e necessário de toda a pregação golpista de Bolsonaro, agravada pela política de apaziguamento do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) para com a extrema-direita em seu seio. É a política adotada pela direita historicamente hegemônica nas Forças Armadas em relação à extrema-direita. Como em outros momentos de crise, agora, esta política covarde só faz jogar água no moinho do moral golpista nas tropas regulares, nas tropas auxiliares e outras forças policiais, quer ajam em bando, quer sós.

Faz-se notar, ainda, o acoelhamento dos oportunistas e revisionistas e outros “defensores das instituições” que, do alto da suprema corte e de outras pocilgas, enganchadas em baionetas, morrem de medo de Bolsonaro e dos generais. Nada fizeram ao longo desses quatro anos em que o mandatário do país prega abertamente um golpe de Estado. Sequer levantaram uma palha na luta contra todos os ataques brutais aos direitos dos trabalhadores, aos ataques contra os serviços públicos de saúde e educação. Pior ainda, se empenharam por toda parte na desmobilização das massas e em fazer silêncio cúmplice ante a repressão assassina contra suas lutas, como a resistência indobrável dos camponeses em luta pela terra. O oportunismo, a pretexto de não dar motivos para Bolsonaro recrudescer o regime, impede toda mobilização de massas, acomodando seus militantes e amedrontando os ativistas das massas sob sua influência, tornando-os presas fáceis das ilusões constitucionais. Ocorre que Bolsonaro não precisa de motivos outros e busca criar, ele mesmo, os seus “motivos” para uma ruptura, e busca tirar proveito no conluio e pugna interna nas quais que se acham atoladas as estruturas de mando das forças militares e policiais. Se ele conseguirá, são outros quinhentos, mas, quanto mais as massas estiverem mobilizadas combativamente, tanto mais difícil será para os planos golpistas. Em última instância, conscientes ou não, o oportunismo, o revisionismo e a direita liberal reacionária, cada qual a seu modo, não combatem em nada Bolsonaro. Repetem a exaustão o embelezamento das instituições carcomidas desse velho Estado. Particularmente o oportunismo eleitoreiro, se regojiza com as bufonadas de Bolsonaro e atos selvagens de seus seguidores, para fazer-se de vítima, intensificando a polarização à guiza de votos.

Uma verdade, ditada pelos fatos, é que cada vez mais o terreno em que entra a luta política é o terreno da violência. Até o momento toda essa polarização freneticamente alimentada por estas duas partes contendentes, ademais das patetadas da chamada “terceira via”, são só a manifestação mais aparente da agudização das contradições no seio das classes dominantes locais, entre os partidos e grupos de poder das suas frações mediante a crise de afundamento de seu sistema. E, é claro, isto afeta a toda a sociedade e de modo diferente aos de cima e aos de baixo. A farsa eleitoral serve aos de cima em pugna para legitimar o sistema de opressão e exploração, arrastando ao máximo os de baixo para seu simulacro de democracia, dividindo-os em prol dos interesses dos de cima em crise e para desviá-los do caminho revolucionário.

A outra verdade, tal como a primeira, concretizada em fatos, é como a cada edição da farsa eleitoral, é crescente as dezenas de milhões de nosso povo que a rechaçam por “n” motivos, e que também aumentam aos milhões os que a boicotam por razões políticas de rechaço a todo esse regime agonizante, a esse velho Estado genocida e suas instituições sepulcros caiados, a todo esse sistema em decomposição.

Os democratas e revolucionários, em particular, devem abandonar os restos de ilusão que ainda guardam como esperança de mudanças via instituições dessa velha ordem. Devem abandonar a ideia reformista que tem esmagado a luta de seguidas gerações de nosso povo, e entender que assegurar a democracia não pode ser “salgando carne podre”; devem, sim, levantar alto a sua verdadeira bandeira: a da Revolução de Nova Democracia, para construir o Brasil Novo. Há que se preparar para a luta revolucionária desatada e sem qualquer consideração para com todo esse monturo que tem pesado secularmente nas costas de nosso povo. É o que espera e conclama as massas mais conscientes de nosso país. Eleição Não, Revolução Sim!

Ouça já o Editorial semanal de 12 de julho de 2022:

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes:

Thiago Ávila faz greve de fome após se recusar a acordo com ocupação israelense 72602d

10/06/2025

O comboio de ajuda ‘Sumoud’ segue para o Egito com o objetivo de romper o cerco a Gaza 6n5i42

10/06/2025

Trump envia 2,7 mil tropas da Guarda Nacional e fuzileiros navais para conter protestos, que se generalizam pelos EUA  6g4h5z

10/06/2025

Invasão Zero ensina táticas de violência contra indígenas e sem-terra em fórum na Bahia 60242a

10/06/2025