No dia 11 de maio, cerca de 200 indígenas do povo Apinajé, que estão sofrendo de um surto de doenças contagiosas, realizaram uma ocupação exigindo serviço de saúde. O protesto teve início com uma marcha até o Pólo Base Indígena (PBI), que foi ocupado pelo povo Apinajé. O ato aconteceu no município de Tocantinópolis, localizado no norte do Tocantins. Os indígenas exigiam ser atendidos pelo coordenador do Distrito Indígena de Saúde (Dsei), Sebastião De Gois Barros, e permaneceram na ocupação por dois dias, só desocupando a base após arrancar seus direitos reivindicados. 5v5a5a
O povo Apinajé iniciou os protestos com marchas e cartazes. Em um deles lia-se: Saúde não é esmola, não é favor, não é mercadoria. Os indígenas também seguravam faixas exigindo a saída do responsável técnico do PBI. Uma grandiosa marcha foi percorrida por toda cidade; os manifestantes aram por pontos como a Coordenação Técnica Local (CTL), a Fundação Nacional do Índio (Funai), até chegarem ao PBI.
Em vídeo, o indígena Oscar Apinajé denuncia o sucateamento promovido pelo velho Estado e a morosidade no atendimento médico. Oscar relatou: “Estamos perdendo lideranças e anciãos e jovens membros deste povo. Basta! Queremos uma melhoria.”.
A liderança indígena Antônio Apinajé, em entrevista ao portal O Girassol, declarou: “Protestamos contra o sucateamento e abandono da atenção à saúde indígena da população Apinajé.”. Antônio ainda denunciou: “Nas aldeias a situação é crítica com falta de medicamentos, viaturas para transporte de pacientes, demora para realizar consultas e exames, existe um possível surto de tuberculose na aldeia Prata que vem preocupando as comunidades de Apinajé.”.
O líder indígena também relatou que um membro da comunidade, Elias Salvador Apinajé, faleceu com um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O indígena estava internado com suspeita de tuberculose. De acordo com a denúncia, sua morte ocorreu decorrente da demora no atendimento de saúde e realização de exames médicos.
Povo Apinajé protesta em frente ao Polo de saúde exigindo seus direitos. Foto: União das Aldeias Apinajé
Exigências e mobilizações
Na região conhecida como Bico de Papagaio existem mais de 60 aldeias onde vivem cerca de 3 mil indígenas. A comunidade Apinajé relata a possibilidade de surto de leishmaniose, tuberculose e hepatite. Existe ainda a suspeita de mortes em razão dessas doenças e que nada está sendo averiguado.
A mobilização foi definida entre os dias 04 e 07/05, em uma reunião com a comunidade Apinajé junto a Associação União das Aldeias Apinajé (Pempxá). A comunidade elaborou um documento com mais de 20 exigências para entregar ao coordenador da Dsei, Sebastião De Gois Barros.
Entre as principais reivindicações no documento elaborado pelos indígenas estão: abastecimento de medicamentos e de combustível, exames de especialidades, reforma e construção de postos de saúde, contratação de profissionais de saúde; transporte 24h para atendimento de emergências; e melhoria das estradas de o às aldeias para viabilizar o transporte.
Em cartaz manifestantes declaram “Saúde não é esmola! Não é favor! Não é mercadoria!”. Foto: União das Aldeias Apinajé
Outras recentes lutas da comunidade Apinajé
Outras lutas em defesa de seus direitos ocorreram recentemente no mesmo local. Entre os dias 19 a 24 de fevereiro, cerca de 100 indígenas da comunidade Apinajé se mobilizaram para denunciar o abandono e a falta de estruturas nas escolas, municipalização do transporte escolar e a suspensão de compra de materiais escolares para os estudantes indígenas Apinajé da 1ª, 2º e 3ª fases, ambas decisões arbitrária executadas por ordem de Dorismar Carvalho de Sousa, Diretor da Delegação Regional do Educação de Tocantinópolis (DRE).