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Servidores do Banco Central estão em greve por reajuste de salários e reestruturação de carreiras. Foto: Jorge William
Servidores do Banco Central (BC) do Brasil retomaram no dia 3 de maio a greve iniciada no dia 1 de abril. Os trabalhadores exigem reajuste salarial e reestruturação de carreira. Com a greve, os funcionários paralisaram suas atividades na sede do BC em Brasília, Distrito Federal, exigindo o atendimento de suas pautas. Em decorrência da intransigência do governo em atender os trabalhadores, as principais atividades financeiras e econômicas estão paralisadas, provocando desta forma o adiamento de projeções financeiras.
A paralisação preocupa o governo federal, pois as informações de dados, estatísticas e indicadores sobre o mercado financeiro deixaram de ser divulgados, como por exemplo o relatório Focus, que reúne projeções de mais de 100 instituições financeiras e é acompanhado de perto pelo mercado financeiro, principalmente neste momento de crise financeira e alta inflação. Os dados do fluxo cambial e do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), também sofreram atrasos, assim como os relatórios sobre poupanças e a divulgação da taxa Ptax.
Os servidores em greve reivindicam a recomposição salarial de 26,3%, valor referente à inflação entre 2019 e 2022. Eles também exigem a reestruturação de carreira, como a mudança de nomenclatura de analista para auditor e a exigência de nível escolar superior para ingresso dos técnicos do BC.
“Nós estamos tentando negociar com o governo desde novembro. Cinco meses depois, não conseguimos nenhuma proposta, então a categoria perdeu a paciência”, afirmou o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fábio Faiad, em entrevista ao portal InfoMoney.
De acordo com o sindicato: “Já são mais de três anos sem qualquer reajuste e as perdas acumuladas desde a última parcela de recomposição, em janeiro de 2019, superam os 20%. Além da corrosão inflacionária, há também outras perdas no período, como os recentes aumentos no Programa de Assistência à Saúde dos Servidores do Banco Central (PASBC) e na Contribuição para o Plano de Seguridade Social do Servidor (SS) em virtude da última reforma da Previdência”.
O governo militar de Bolsonaro/generais ofereceu aos servidores um reajuste de 5%, valor irrisório e que foi rejeitado pelos trabalhadores, pois não cobre as perdas inflacionárias ocorridas durante o período.
Os trabalhadores do BC também denunciam o governo federal por ter destinado o montante de R$ 1,7 bilhão, do orçamento de 2022, para o reajuste dos salários de funcionários de órgãos ligados à segurança pública, enquanto nega o mesmo direito a servidores de outros órgãos. Essa medida fez com que servidores de outras autarquias também entrassem em greve, como por exemplo, os trabalhadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que estão em greve desde 23 de março.
“Nós temos colegas no INSS que fazem 50, 60 horas por semana para conseguir cumprir as metas de produtividade. Mas nossos salários estão congelados há cinco anos. E aí o que o governo faz? O governo mantém o congelamento salarial e fica estipulando esses bônus de produtividade que na prática não são bônus, são apenas uma complementação de renda, das perdas salariais dos últimos períodos”, disse Cristiano dos Santos Machado, diretor da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Previdência e Assistência Social (Fenasps), ao portal Uol.
Os trabalhadores denunciam também o esvaziamento acelerado do quadro funcional do Banco Central que acontece por conta das novas aposentadorias e da falta de concursos. Segundo eles, essas medidas visam desvalorizar os servidores do BC.
Com o recrudescimento da mobilização, a categoria mostra que não aceitará ivamente a omissão do Executivo quanto às reivindicações pela Reestruturação de Carreira e o reajuste salarial. “Motivos para intensificar o enfrentamento não nos faltam e os poucos avanços que conseguimos até aqui se deram graças ao recrudescimento das ações”, afirmou Fábio Faiad.