A polícia britânica acusou no dia 21 de maio o rapper irlandês Liam O’Hanna, de nome artístico Mo Chara, de terrorismo por ele ter exibido uma bandeira do Hezbollah, organização patriótica do Líbano, em um show em Londres em novembro de 2024. A criminalização parece ser um ato de censura, pois o rapper é conhecido pelas suas posições contrárias à ocupação da Irlanda do Norte pelo imperialismo britânico. Segundo a polícia, a acusação só ocorreu agora porque eles só souberam do episódio em abril. 2b6f4r
O’Hanna, que é membro da banda de rap Kneecap, respondeu à acusação. “Isso é repressão política. É um espetáculo de distração. Nós não somos a história. O genocídio é. Enquanto lucram com o genocídio, usam uma ‘lei antiterrorismo’ contra nós por exibir uma bandeira jogada no palco. Uma acusação que nem é séria o suficiente para ir à ‘corte da coroa’, e sim a um tribunal que nem sequer tem júri. Qual é o objetivo?”
“Restringir nossa capacidade de viajar. Impedir que falemos com jovens ao redor do mundo. Silenciar vozes de compaixão. Processar artistas que ousam se manifestar. Em vez de defender pessoas inocentes, ou os princípios do direito internacional que afirmam defender, os poderosos na Grã-Bretanha têm colaborado com o massacre e a fome em Gaza, assim como fizeram na Irlanda durante séculos. Ontem, como hoje, alegam ter justificativa.”
“Estamos orgulhosamente ao lado do povo. Vocês estão cúmplices dos criminosos de guerra. Nós estamos do lado certo da história. Vocês não. Vamos enfrentá-los no tribunal. Vamos vencer. Palestina livre.”, conclui o texto.
Repressão
A censura disfarçada de processo judicial faz parte do intenso processo de repressão estatal contra o movimento de solidariedade com a Palestina.
Um relatório publicado pela NetPol e pela Article 11 Trust aponta que o Reino Unido implementou “um pacote alarmante de medidas apoiadas pelo Estado, destinadas a impor controle social aos protestos em uma escala que lembra a ‘Guerra ao Terror’ de duas décadas atrás”.
O documento aponta que a imprensa reacionária e o governo têm pressionado a polícia para reprimir com rapidez protestos e que as manifestações pró-Palestina têm sido acusadas de “crimes de ódio” e “extremismo” e que os órgãos estatais na Grã-Bretanha “não só estão sistematicamente falhando em cumprir suas obrigações de proteger e facilitar o direito à liberdade de reunião, conforme o Artigo 11 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, como também mal estão considerando isso”. O risco de penas de prisão severas para o ativismo político também cresceu.
“Terrorismo“
Frequentemente, essa repressão é apoiada na acusação de terrorismo. Integrantes da Ação Palestina foram presos sob a lei de antiterrorismo por sabotarem armas e equipamentos de uma unidade da Elbit Systems na Inglaterra. Doze dos ativistas foram detidos por invasões domiciliares. Os policiais quebraram bens dos militantes e prenderam um deles sob a mira de uma arma de fogo.
A empresa é a maior fabricante de armas em Israel e fornece meios para o genocídio do povo palestino. As sentenças foram tão severas que especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas interviram, segundo o portal Liberation News.
O Liberation News também informou que estudantes da organização SOAS 2 também foram julgados sob a Seção 12 da Lei de Terrorismo, que prevê uma pena de 14 anos de prisão, por apoiarem a resistência palestina.
Solidariedade
As leis draconianas que vão contra as liberdades democráticas básicas são uma forma do imperialismo tentar minar a crescente onda de solidariedade palestina que tem atravessado o mundo desde o 7 de outubro de 2023. As mobilizações pró-Palestina de estudantes britânicos se materializaram na ocupação de dezenas de universidades, como a Universidade de Cambridge, a Escola de Estudos Orientais e Africanos, a Universidade de Liverpool, a Universidade de Birmingham, a Universidade de Sussex, a Escola de Economia de Londres e outras.
Além da Elbit, outras fábricas e empresas colaboracionistas com o regime israelense também foram atacadas. A sede do monopólio de imprensa BBC foi um dos alvos.