Nesta quinta-feira (15/05) professores da rede municipal de Salvador lotaram a Avenida ACM em assembleia e aprovaram por ampla maioria a continuidade do movimento grevista. A greve dos professores já dura 11 dias e exige o fim do arrocho salarial e o cumprimento do piso salarial.
O movimento grevista iniciou-se na terça-feira (06/05) contra a crescente corrosão salarial da categoria. A decisão foi tomada em assembleia realizada na Praça do Campo Grande, local histórico de mobilizações da capital baiana, e foi acompanhada por protestos e demonstrações em vários pontos da cidade.
A paralisação na rede municipal soteropolitana foi organizada pela seção baiana da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB), que reivindica melhoria nas condições de trabalho, nos materiais pedagógicos e na valorização profissional, junto ao pagamento do piso nacional do magistério de R$ 4,8 mil.
A prefeitura propôs, em 29 de abril, um reajuste ínfimo de 4%, dividido em duas parcelas de 2%, o que foi amplamente rechaçado pela categoria, que denuncia que a falta de reajustes anteriores, mais a inflação e cumprimento do piso, impõem um reajuste de 58%. Em março de 2024, uma situação similar ocorreu, onde o mesmo prefeito Bruno Reis (União) decidindo ignorar as demandas da categoria naquele ano, impôs um reajuste de 3,62%, insuficiente diante da inflação, e não cumpriu o piso nacional novamente, o que levou a uma greve de 72 horas.
O magistrado Adriano Borges do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), seguindo os mandos da prefeitura reacionária, decretou ilegalmente o impedimento das manifestações atuais determinando que os professores retornassem para as suas atividade, ameaçando o sindicato com uma multa de R$ 15 mil e autorizando o prefeito a realizar descontos na folha salarial de professores que não retornassem. Os professores responderam com protestos massivos que “ilegal é não pagar o piso” e declaram que a greve continuará, mesmo com as medidas reacionárias da prefeitura.
Mesmo com as ameaças, as mobilizações da categoria se fortaleceram e receberam imenso apoio das massas populares. O Tribunal de Contas do Município (TCM) e o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) não emitiram nenhum pronunciamento diante de denúncias do descumprimento da Lei nº 11.738/2008 (que estabelece o pagamento do piso salarial), escancarando o avanço aos ataques aos direitos democráticos do povo.
O professor Jorge Sales denunciou ao correspondente local de AND que a situação segue há pelo menos 13 anos. Os docentes são obrigados a ocupar mais de uma carga horária por conta do salário arrochado, aumentando a jornada de trabalho a condições inumanas. Muitos professores que aguardam aposentadoria há 6 anos estão barrados de fazê-lo. As escolas públicas da rede municipal sofrem com intenso sucateamento estrutural, com salas sem ar-condicionado, sem ibilidade a pessoas com deficiência e refeições chegando mofadas aos estudantes.
O apoio dos pais, dos estudantes e dos trabalhadores em geral à greve e às manifestações é grande, quebrando o cerco de silenciamento feito pelos monopólios de imprensa, pelos políticos e pela extrema-direita. “Na manifestação que fizemos na Rótula do Abacaxi, a gente recebeu o apoio de mais de 300 motoboys, que se juntaram a nós no movimento, buzinando. Nós só tínhamos fechado um lado da pista, e nós fomos surpreendidos positivamente com os motoboys e motoristas de aplicativo, que fecharam a outra pista”, aponta Jorge.
Ao final da entrevista, o professor colocou que a greve continuará até o cumprimento dos ajustes e do piso, convocando as massas populares a apoiarem e participarem das mobilizações.