No dia 22 de maio, os professores de Salvador (BA), que seguem em greve, ocuparam o Centro da Cultura da Câmara Municipal para desafiar uma sessão extraordinária a portas fechadas que aprovou o Projeto de Lei (PL) n.º 174/25, que nega o cumprimento do piso salarial garantido por lei. A ação combativa ocorreu durante uma manifestação contra o PL 174/25, de autoria do Executivo municipal – encabeçado por Bruno Reis (União Brasil) – que trouxe um mísero reajuste salarial e rejeitou quaisquer emendas. Antes mesmo da invasão, os manifestantes já haviam sido recebidos com spray de pimenta por policiais.
Os políticos aprovaram um reajuste de 6,25% a 9,25%, ignorando a demanda de 25% feita pelos servidores, que por si só já está abaixo do piso de 58%. O pagamento do piso nacional do magistério, previsto em lei desde 2008, que ultraa 58%, esteve longe de ser cumprido: na proposta acatada houve, no máximo, valores de 9,25% para Nível 1/Referência A. A sessão ocorreu fora do plenário e foi marcada por confrontos entre os professores e os guardas, policiais, e vereadores. Enfrentando anos de escolas sucateadas e o enorme arrocho salarial, o movimento magisterial deixou clara a intenção de prosseguir com a sua longa jornada de protestos.
O presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), ridiculamente comparou o ato ao “8 de janeiro de 2023” no intuito de criminalizar os sindicalistas presentes na combativa ação. Entretanto, não levantou em momento algum a flagrante ilegalidade do não pagamento do piso. O monopólio de imprensa noticiou a “confusão” destacando que os professores agrediram um vereador. No entanto, o uso de spray de pimenta e a agressão das forças policiais às dezenas de educadores é descrita como uma “necessidade”.
Mesmo com a tentativa da imprensa reacionária (em Salvador totalmente controlada pela família Magalhães, cartas marcadas da velha política) de descredibilizar, desmoralizar e enfraquecer a luta dos professores, a greve prosseguiu. A ação do dia 22, com a ocupação e bloqueio do o ao Centro da Cultura, foi recebida com grande apoio da população, especialmente nas redes sociais da seção baiana da Associação dos Professores Licenciados do Brasil (APLB).
Na sexta-feira (23/05), em resposta à aprovação do afrontoso Projeto de Lei, a categoria foi novamente às ruas, onde recebeu grande apoio e mobilizou uma caminhada do Largo da Roma à Igreja do Bonfim. “A greve está firme, e não vai parar”, declarou um representante da APLB-Sindicato. Durante a caminhada, os professores receberam imenso apoio das massas, nos carros, nos prédios, demonstrando o fracasso da propaganda reacionária em tentar desmoralizar a firme luta magisterial. Além disso, a mobilização contou com um grande número de participantes pela manhã, que caminharam até a “Colina Sagrada” de Salvador.
A persistência e a combatividade da paralisação desafia não só a gestão municipal antipovo, mas também grande parte da imprensa reacionária local, que atua como propagandista da Prefeitura de Salvador. O AND seguirá acompanhando a mobilização dos professores soteropolitanos.