Nos últimos dias, o presidente ultrarreacionário dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, e seu ex-número 2, o bilionário Elon Musk, publicizaram uma verdadeira briga de casal que, cada vez, mais se escancara como fim da lua de mel da dupla dinâmica e uma crise política no governo. No dia 5 de junho, Musk chegou a pedir o impeachment de Trump. 6mh3w
Tudo começou no dia 28/05, depois que o governo de Trump anunciou um grande pacote de leis tributárias que comprometem os contratos das empresas de Musk com o Estado ianque. O bilionário, que firmou vários contratos com o Estado imperialista desde 2002 e expandiu os valores de cada um deles durante o governo de Barack Obama, se irritou com a proposta, dizendo que ficou “muito decepcionado”.
O que se sucedeu foi uma série de baixarias, típica de dois bilionários que não estão acostumados a ter seus desejos recusados. Trump chamou Musk de “maluco” e Musk disse que o presidente era “ingrato” e que não teria vencido as eleições sem sua ajuda. O mandatário, querendo se fazer de pouco afetado, disse que “tanto faz” e que “nem pensava mais em Musk”. Em uma reunião com o chanceler alemão Friederich Merz no dia 05/06, Trump disse que tinha acabado com o “mandato do carro elétrico”.
O caso todo foi um show de hipocrisia, principalmente para Musk: quando o magnata assumiu o chamado “Departamento de Eficiência Governamental” (Doge, na siga em inglês), uma das primeiras medidas foi iniciar um processo de demissão em massa, disparando ameaças contra aqueles que contestassem sua vontade. Bastou uma negativa em relação a alguns contratos, contudo, para abrir uma crise política pública. Em uma espécie de “retaliação”, Musk afirmou também no dia 05/06 que suspendeu o contrato da SpaceX com os EUA de garantir o uso da espaçonave “Dragon” para o transporte de astronautas e recursos extraídos do espaço, mas voltou atrás da decisão.
Por mais que quase cômica, o rompimento de relações entre Trump e Musk, um núcleo sólido no governo norte-americano, em menos de seis meses de gestão, não deixa de expressar a crise da democracia burguesa, escancarando esse regime como istrado diretamente por e em serviço da burguesia imperialista. Quando uma crise política de grandes proporções se abre simplesmente por uma simples pugna de caráter econômico entre dois representantes da burguesia, é porque não há mais como esconder o caráter de classe burguês e o adoecimento desse sistema, que tem na “democracia ianque” o seu núcleo de representação máxima.
As massas populares já se apercebem disso há algum tempo e continuam a demonstrar seu rechaço ao governo de turno. Musk foi um alvo central desde o início da gestão: por todo o EUA e até em países como Suécia e Itália, protestos populares condenaram a política de demissões em massa do Doge e ações com armas visaram carros e concessionárias da Tesla. Já Trump também tem sido rechaçado por protestos, sobretudo dos operários afetados pela queda na qualidade de vida no EUA e dos imigrantes e ativistas solidários que vêem com horror a política nazista de deportação em massa do magnata.
Em menos de 150 dias de mandato, a desaprovação do mandatário já atingiu 50%, segundo uma pesquisa publicada pelo The Economist essa semana. Não é possível prever exatamente o que acontecerá nos próximos capítulos, mas uma certeza clara é a tendência de mais crises políticas para os que dominam e de crescentes rebeliões por parte dos que não aceitam mais serem governados por um sistema falido.