Essa matéria foi atualizada às 22h15 do dia 24 de fevereiro.
A cerimônia fúnebre nem tinha começado quando o estádio Camille Chamoun Sports City, com capacidade para 55 mil pessoas, lotou na manhã de ontem (23/2) para o enterro do líder do Hezbollah assassinado por Israel, Hassan Nasrallah.
Mulheres, homens, crianças, jovens, adultos e anciões foram registrados no cortejo com a bandeira amarela e verde do movimento de resistência nacional e fotos de vários tamanhos do chefe militar e político libanês.
A cerimônia também honrou Sayyed Hashem Safieddine, secretário-geral do Hezbollah após Nasrallah que foi assassinado por Israel.
View of the large gathering of crowds at Beirut's Sports City Stadium attending the funeral of late Hezbollah leaders Hassan Nasrallah and Hashem Safieddine. pic.twitter.com/swZos1Hija
— The Palestine Chronicle (@PalestineChron) February 23, 2025
‘Continuaremos no caminho da Resistência’
“Sayyed Nasrallah liderou a resistência para a Nação e a Nação para a Resistência, unindo ambos como um único coração”, disse Naim Qassem, secretário-geral do Hezbollah, no evento. “Nasrallah amava o povo e o povo amava Nasrallah. Ele era o líder de mentes e corações, sempre focado na Palestina e em Jerusalém”, continuou ele.
“Nós continuaremos no caminho da Resistência, mesmo que nossas casas sejam destruídas sobre nossas cabeças e nós sejamos assassinados”, prometeu Qassem. “A resistência continua forte em números e armas e a vitória inevitável está chegando”.
Impressionante mobilização de massa
Ao longo da cerimônia, o caixão de Nasrallah foi completamente cercado pelo povo libanês. Um pouco antes do caixão ser levado embora, as pessoas começaram a entregar keffiehs (lenços da resistência palestina) para soldados do Hezbollah que acompanhavam o cortejo esfregarem os panos sobre o caixão e devolverem aos donos. As imagens foram registradas pela jornalista brasileira baseada em Beirute, Giovanna Vial, nas redes sociais.
Além das massas populares libanesas, compareceram no evento uma delegação do movimento Ansarallah (Houthi), do Iêmen, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Arqchi e uma delegação iraquiana.
A impressionante mobilização de massas para a cerimônia do Hezbollah foi uma demonstração clara, por parte do povo libanês, de que o movimento de resistência nacional segue forte e apoiado pelas massas populares, apesar da perda de Nasrallah e das instabilidades regionais que afetaram a logística do grupo, principalmente a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria.
A demonstração concreta de força do Hezbollah desmontou toda a contrapropaganda sionista de que o grupo foi severamente abalado com a guerra de agressão israelense contra o Líbano em 2023.
A cerimônia ocorreu quase cinco meses depois do assassinato de Nasrallah em um ataque aéreo israelense no qual o regime nazisionista usou quase 1 tonelada de explosivos.
O adiamento do funeral ocorreu por conta da relutância israelense em retirar as tropas do Sul do Líbano sob os termos de cessar-fogo. Entre o assassinato e a cerimônia oficial, Nasrallah ficou enterrado temporariamente ao lado do filho Hadi, morto em combate em 1997.
Mobilizações pelo mundo
Massas populares prestaram homenagem a Nasrallah em outros países. Uma vigília foi montada em Nova Iorque para honrar os dois líderes do Hezbollah, segundo o portal do Telegram Resistance News Network.
Imagens de Nasrallah, Saffiedene e dos líderes palestinos Yahya Sinwar e Ismail Haniyeh foram colocadas em uma mesa decorada com uma keffieh, velas e a bandeira do movimento libanês.
“Nosso movimento não conhece fronteiras, nossos números aqui são pequenos mas nós nos colocamos ao lado da maioria global que reuniu 1,4 milhões de pessoas em Beirute para honrar os mártires do Hezbollah”, diz um comunicado dos envolvidos na cerimônia.
De acordo com o jornal The Cradle, “do Brasil e da Argentina à Irlanda, Índia e Nigéria, ando pelo Irã, Iraque, Turquia, Iêmen, Tunísia, Argélia, Egito e os estados do Golfo Pérsico, as vozes se elevaram em uníssono. Muçulmanos sunitas e xiitas, drusos, cristãos e judeus – pessoas de terras distantes – convergiram em um único local de apenas 120.000 metros quadrados: O Estádio Sports City de Beirute. Naquele momento, parecia que os justos do mundo estavam erguendo os punhos contra a injustiça universal.”