aram-se 44 anos desde o dia em que proletariado turco e os povos oprimidos de todo o mundo perderam um de seus destacados dirigentes, Ibrahim Kaypakkaya. Em 18 de maio de 1973, sua gloriosa vida chegou ao fim após mais de três meses de torturas, as quais ele enfrentou com elevada honradez não delatando nenhum de seus camaradas. Sua prisão havia ocorrido em janeiro deste mesmo ano, quando, após ser delatado por um traidor, foi ferido em combate, mas tendo conseguido fugir, abrigou-se numa cova por cinco dias sofrendo congelações nos pés e nas mãos. 726
destacado dirigente comunista turco
Assim tombou o jovem Ibrahim Kaypakkaya, com 24 anos, menos de um ano após tomar parte na fundação do Partido Comunista da Turquia/Marxista-Leninista (TKP/ML), tornando-se um símbolo da luta revolucionária, democrática e anti-imperialista e fonte inesgotável de inspiração para a nova geração de revolucionários da Turquia e de todos os países.
Nascido em 1949, na província de Çorum, em uma família camponesa, Kaypakkaya estudou Física na Universidade de Ciências de Istambul, a maior cidade da Turquia. Em novembro de 1968, Ibrahim foi impedido de estudar, após ser expulso da Universidade por tomar parte numa panfletagem contra a chegada da Sexta Frota do USA na região. Depois a a integrar o Partido Revolucionário de Operários e Camponeses de Turquia (TIIKP), em Anatólia, fazendo parte de sua direção.
Como resultado da luta dura contra o revisionismo no seio da organização e inspirado pelos ventos da Grande Revolução Cultural Proletária (GR) na China, Kaypakkaya e seus camaradas, com os aportes teóricos e ideológicos do pensamento mao tsetung (como se denominava o maoismo à época), fundaram o TKP/ML e o Exército de Libertação Marxista-Leninista dos Operários-Camponeses da Turquia (TIKKO), organizações que até os dias atuais prosseguem a Guerra Popular no país. Em 1972, Ibrahim escalou as montanhas junto de seus camaradas, acendendo a primeira faísca da Guerra Popular.
As contribuições práticas e teóricas de Kaypakkaya na construção do TKP/ML são indiscutíveis. A análise da estrutura socioeconômica da Turquia, a compreensão da Revolução de Nova Democracia, a constituição da Frente Única, a compreensão da questão nacional, a análise do kemalismo* como fascismo, a definição do caminho da Guerra Popular para a tomada do Poder pelas classes oprimidas de seu país, o cerco da cidade pelo campo, o estabelecimento do Partido Comunista para dirigir o processo revolucionário, a conformação de um exército de operários e camponeses guiado por uma linha justa e a defesa do direito de autodeterminação da nação curda. Ele foi um antirrevisionista convicto e defensor da linha vermelha e de esquerda no movimento comunista turco.
O velho Estado da Turquia proibiu a pronuncia de seu nome, tamanho o pavor que as classes reacionárias tinham de sua imagem. A grandiosidade das contribuições do jovem dirigente comunista Kaypakkaya são lembradas até hoje, 44 anos após sua morte, pelas classes oprimidas de diversos países, que picham seu nome nos muros, colam cartazes, levantam bandeiras com o seu rosto em manifestações e também pelos revolucionários e classes oprimidas da Turquia que, com o seu legado, empunham as armas pela Revolução Democrática, Agrária e Anti-imperialista.
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*Kemalismo – Movimento independentista surgido na Turquia, chefiado por Mustafá Kemal, representante da burguesia comercial turca, que ao fim da Primeira Guerra Mundial, instaurou um regime de ditadura burguesa no país e aspirava por uma república democrático-burguesa independente, após rechaçar a ocupação grega. Caiu logo em seguida sob o controle do imperialismo anglo-francês, transformando-se em semicolônia.