Em 5 de novembro, os corpos de cinco rapazes foram encontrados em avançado estado de decomposição e enterrados num barranco em um matagal na Estrada Taquarussu, em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Supostamente assassinados por policiais militares, todos eles sofreram torturas, tinham marcas de queimadura, levaram vários tiros e seus corpos foram levados na madrugada de 7 de novembro para o Instituto Médico Legal (IML) para exames. 4i3z4w
Familiares choram a morte de jovem assassinado cruelmente
O mais novo do grupo, Robson Fernando Donato de Paula, de 16 anos, era cadeirante, tinha uma prótese na coluna e usava fralda geriátrica. “O cadeirante tinha sinais de execução, com a mão amarrada com a algema de material plástico e com muitos sinais de tortura. A sua cabeça foi arrancada do corpo e não foi encontrada”, declarou Luiz Carlos dos Santos, vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Robson, que foi identificado na tarde de 8 de novembro, tinha deficiência física devido a uma agressão sofrida no ado pela polícia.
Um dia antes, os corpos de Caíque Henrique Machado Silva, de 18 anos, e de César Augusto Gomes Silva, 19, já tinham sido identificados. Além desses três, haviam desaparecido Jonathan Moreira Ferreira, 18, e Jonas Ferreira Januário, 30. As covas em que seus corpos foram achados estavam cobertas de cal.
Os cinco rapazes estavam desaparecidos desde o dia 21 de outubro, quando saíram do Jardim Rodolfo Pirani, na Zona Leste da capital paulista, local onde moravam, e se dirigiram para uma festa em Ribeirão Pires, Grande São Paulo. No dia em que desapareceram, Jonathan Ferreira relatou, através de áudio enviado por WhatsApp para uma amiga, que havia sofrido “enquadro” e “esculacho” da Polícia Militar: “Os polícia tá me esculachando. Não vai ter como encostar aí nas duas pistas não, mano. Cê é louco, o bagulho tá louco (sic)”.
O crime brutal praticado pelo grupo de extermínio teve a participação de guardas civis e há fortes indícios do envolvimento de policiais militares com a comprovação do uso de munição restrita. No total, 3 guardas civis de Santo André, no ABC, tiveram participação no desaparecimento e na bárbara chacina, sendo que um deles confessou ter usado uma rede social para atrair os jovens para a falsa festa em Ribeirão Pires.
Em 10 de novembro, o monopólio da imprensa divulgou que os corpos dos cinco poderiam ser enterrados como indigentes, segundo a Secretaria de Segurança Pública estadual de São Paulo (SSP). Contra essa total falta de respeito, as famílias pobres que perderam seus filhos se recusaram a retirar os corpos do IML enquanto não fossem feitas novas perícias.