Agentes fortemente armados das Polícias Civil e Militar prenderam arbitrariamente mais de 50 camponeses, dentre eles crianças e idosos, após uma combativa ação de ocupação do latifúndio Verde Vale, na BR-429, em Alvorada do Oeste, no dia 7 de julho. 2y1g1z
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Resistência camponesa na Área Jhone Santos, outubro de 2016
Segundo nota da Liga dos Camponeses Pobres (L) de Rondônia e Amazônia Ocidental, esta propriedade grilada, também conhecida como “fazenda do italiano”, já foi ocupada outras vezes, sendo os camponeses despejados por meio da violência reacionária de bandos armados do latifúndio.
A resposta do velho Estado à justa ocupação do latifúndio escancara sua natureza de classe. Policiais civis e militares armados prenderam o enorme número de camponeses indiscriminadamente. Segundo informações do monopólio de imprensa, a ação foi “determinada pela cúpula da Segurança Pública de Rondônia” e contou com o aparato de guerra de quatro municípios. A operação chegou a utilizar um helicóptero.
O ataque contra os camponeses foi dirigido pessoalmente pelo comandante geral da PM de Rondônia, Ronaldo Flôres Corrêa, sucessor do conhecido inimigo dos camponeses coronel Ênedy. Dos camponeses presos, 17 foram soltos após comprovarem ser “réus primários”, no dia 15/07, e outras dez camponesas foram soltas um dia após a prisão.
De acordo com a nota da L, os únicos fortemente armados na ocasião eram os policiais e que nenhuma arma – “sequer uma espingarda de caça”, enfatiza a Liga – foi encontrada no local.
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Mais de 50 camponeses são presos em Alvorada do Oeste (RO), 7 de julho
A imprensa reacionária, em conluio com o latifúndio e a polícia, acusou os camponeses presos de serem “um bando armado de invasores perigosos”. Quando parte aos ataques contra a L, a imprensa reacionária acusa-a do “crime” de “defender a ocupação de latifúndios pelo Brasil”, a que o próprio movimento afirma: “Esse ‘crime’ nós confessamos. Defendemos e aplicamos a consigna de tomar todas as terras do latifúndio! E apoiamos, defendemos, e nos unimos a todas as lutas combativas que pretendem destruir o latifúndio pela conquista da terra e territórios, pelos direitos do povo, e por um novo Brasil onde o Estado seja dirigido pelas classes populares”.
A nota da L terminou saudando a luta camponesa e dirigindo-se diretamente ao latifúndio.
“Mas se enganam se acham que com terrorismo de Estado vão parar a luta pela terra. Inevitavelmente fracassarão! A luta pela terra só aumenta! Os camponeses vão perdendo as últimas ilusões com as falsas promessas e migalhas, se mobilizam e organizam crescentemente, tomando nas suas mãos seus destinos! Tremam senhores, pois o que fazem ao aplicar o terrorismo de Estado é acumular ainda mais ódio e revolta no meio do povo. Mais cedo que tarde o povo saberá cobrar a conta de tantas injustiças. Em breve as massas camponesas se levantarão em grandes ondas para varrer o latifúndio, desatando a Revolução Agrária!”, finaliza.
Jovem é executado por pistolagem s106o
Em operação, PM destrói roças e tortura camponeses
O camponês Lucas Lima Batista, de 21 anos, que lutava por um pedaço de terra na Área Revolucionária Jhone Santos foi encontrado morto no dia 8 de julho perto desta Área, no município de Vilhena.
Em nota, a Liga dos Camponeses Pobres (L) destaca que Lucas, nascido no município de Jaru, era um filho do povo que, desempregado, se uniu à luta pela terra, sonhando com um lote para poder viver com dignidade.
A nota da L não teme em expor os assassinos do jovem, acusando primeiramente o latifundiário Heládio Cândido Senn, conhecido como “Nego Zen”, e seus bandos armados de terem tirado a vida de Lucas. Conhecido por suas práticas criminosas e conluios com a pistolagem, “Nego Zen” já foi denunciado nas páginas de AND, quando em 2014 comandou pessoalmente um bando de pistoleiros armados em uma série de ataques ao Acampamento Gilson Gonçalves, ocasião em que sequestrou e torturou dois camponeses. “Nego Zen” foi preso por cometer crime de cárcere privado contra os camponeses e pelo porte ilegal de quatro armas de fogo, em setembro daquele ano.
A L aponta também que o assassinato de Lucas ocorreu logo após uma operação da Polícia Militar comandada pessoalmente pelo coronel Ronaldo Flôres, comandante geral da PM de Rondônia, contra a Área Jhone Santos.
“Junto aos policiais estavam pistoleiros do latifundiário ‘Nego Zen’. Na operação atacaram as famílias covardemente, mantiveram os camponeses sob ameaça de armas de fogo até tarde da noite, queimaram suas roças, pertences, barracos e casas, torturaram ao menos uma mulher e um jovem.”, denunciou a L.
Em sua nota, os camponeses expõem como o assassinato de Lucas segue o modus operandi dos bandos armados de pistoleiros e do latifúndio que seguem “apoiados, protegidos e acobertados pela cúpula da área de segurança do Estado” aplicando o terror contra as massas camponesas em luta pela terra.