PM segue aterrorizando os Morros do PPG 251ew

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PM segue aterrorizando os Morros do PPG 251ew

No mês de outubro, logo após a farsa eleitoral, as tropas do velho Estado incrementaram a repressão e militarização nas favelas da zona sul do Rio, já ocupadas pelas famigeradas UPPs. Nos morros do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho (PPG), localizados nos bairros de Ipanema e Copacabana, no dia 28, PMs da Tropa de Choque e do BOPE tomaram os becos e vielas invadindo casas, agredindo e torturando pessoas. 81l4k

Velório de Moisés, jovem assassinado em morro carioca

Segundo relatos de moradores, no dia 31, o jovem Moisés Mendes de Santana, de 20 anos, caminhava pelo Pavão-Pavãozinho quando foi atingido por um tiro de fuzil disparado por PMs do Choque. Em seguida, os policiais executaram Moisés com vários golpes de faca. O jovem foi enterrado no dia 3 de novembro no Cemitério São João Batista. No dia seguinte, a equipe de reportagem de AND esteve no PPG e conversou com moradores e com uma testemunha ocular do assassinato de Moisés.

— Ele estava em um bar, eu estava perto dele. Quando avisaram que o Choque estava subindo, todos se preparam para ir para casa. Ele foi o primeiro a sair do bar. Logo que ele saiu, nós ouvimos um barulho de tiro e o rapaz caiu no chão. Em seguida os policiais chegaram mandando todo mundo ir embora, ameaçando e esculachando todo mundo. Colocaram duas viaturas nas entradas do beco e não deixavam ninguém ar. Quando a gente desceu, o Moisés estava baleado, mas ainda estava vivo. Quando desceram com ele, ele estava morto e com um monte de marca de facada. Eles mataram o menino na faca para ninguém ouvir barulho de tiro. Um rapaz bom, trabalhador. Eu o conhecia. Mas para eles, todo mundo que mora na favela é traficante ou amigo de traficante — diz uma testemunha que preferiu não se identificar, com medo de represálias.

O assunto tampouco foi noticiado pelo monopólio dos meios de comunicação, apesar da extensa lista de vítimas da ação criminosa da PM. Vários moradores tiveram suas casas invadidas e suas portas arrombadas. Tudo com o aval do judiciário desse velho Estado carcomido. Isso porque, dias antes, o poder judiciário do Rio expediu mandado de busca e apreensão coletivo autorizando a Polícia Civil a fazer revistas aleatóriasnas casas do PPG. Na associação de moradores do Pavão-Pavãozinho, nossa reportagem conversou com moradores vítimas da ação da PM.

— Minha casa já foi invadida pela polícia várias vezes. Dessa vez, eles entraram e minha filha de 14 anos estava sozinha em casa. Mandaram prender o cachorro e começaram a mexer em tudo, até na geladeira. Pediram nota fiscal dos eletrodomésticos e minha filha disse que eu não estava em casa, que ela não sabia onde estava. Aterrorizaram e ameaçaram a minha filha. Ela está apavorada. Eles têm ordem para entrar na nossa casa a qualquer hora e quantas vezes quiserem. Nós não podemos fazer nada. Teve morador que já trocou fechadura e portão mais de uma vez. Mas pergunta se alguém vai na delegacia denunciar isso? Não, claro. Todo mundo tem medo. Aqui eles fazem o que querem. Entram, matam, esculacham e ninguém vê isso— protesta uma moradora que também preferiu não se identificar.

Moradores também relataram ao portal Ponte.org seções de tortura contra jovens do PPG cometidas por policiais do Batalhão de Choque. Os rapazes estavam em um bar e foram abordados e levados para um lugar vigiado onde, segundo testemunhas, aram a ser torturados.

— Paulada na mão, fio nas costas, spray de pimenta toda hora. Deram um chute na cara do moleque, pisando no pescoço, sufocando com spray de pimenta para ninguém ficar argumentando nada. O que nós sentimos sendo esculachados desse jeito? Ódio. Nós trabalhamos e apanhamos. Se é para apanhar, é melhor estar errado, porque eu estando certo, sendo trabalhador, apanho como se tivesse errado. Eles chegam aqui impondo a lei deles dentro do morro, fazem o que querem e não estão nem aí. Por que ele falou que se chegasse uma denúncia até ele, ele ia me pegar — denuncia um dos jovens torturados.

Nos morros Chapéu Mangueira e Babilônia, a situação também é de tensão por conta da presença ostensiva da polícia. No dia 1º de novembro, o jovem Jonas da Silva, de 20 anos, também foi assassinado por policiais no morro Chapéu Mangueira. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que policiais arrastam o corpo de Jonas pela favela sob protestos de moradores. Na ocasião, a população desceu o morro e tomou as ruas de Copacabana para protestar. Na próxima edição de AND, publicaremos uma reportagem especial sobre a militarização em ambas as favelas, que também sofrem com a ameaça de despejo de moradores da área Vila do Sossego.

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