Nota da Redação: A massiva greve dos servidores municipais de Florianópolis (SC) foi encerrada após mais de um mês de duras lutas. Como resultado da grande mobilização, os trabalhadores conquistaram a volta da incorporação para aposentadoria das gratificações inerentes aos cargos e o retorno do plano de carreira, cargos e salários (PCCS) dentre outros pontos exigidos pela greve. Na carta que segue, Rosana Bond aborda um dos aspectos dessa greve. 5a6m3c
A partir desta edição, quando a saúde permitir, vou escrever cartas como leitora e não como jornalista de AND, já que ainda estou convalescendo de um AVC. Farei os textos manuscritos, como exercício de fisioterapia motora e mental, e aos companheiros da Redação do AND ficam com as demais tarefas (digitar, revisar etc). A cartinha desta vez é sobre a troca de papéis, truque em que a mídia burguesa é craque.
Gean Loureiro, PMDB, desde que assumiu em Florianópolis como gerente-prefeito, começou a maltratar os funcionários públicos. O ápice foi um pacotão de maldades, definido candidamente por ele como um corte urgente e imprescindível de gastos. Só isso? Então tá, até parece.
(Não) me engana que eu (não) gosto, disse o trabalhador da Prefeitura, lascado e mal pago (literalmente) e que reagiu com protesto e greve.
O movimento hoje, 20 de fevereiro, enquanto escrevo, completa 35 dias. Contra vento e maré, ameaças e tentativas de humilhação, os funcionários municipais mostram sua revolta e poder de luta há mais de mês.
Aí, chamando todo mundo de idiota por tabela, Loureiro coloca sua conhecida máscara de palhacinho triste e a imprensa burguesa monopolista só falta chorar por ele. Inversão total de papéis porque quem está na sofrência é o servidor, o trabalhador, a classe explorada e oprimida.
Estamos na “Ilha da Magia”, tá certo, mas como o pessoal da Prefeitura e suas famílias vão viver se os planos maquiavélicos de Loureiro foram implantados?
Vão viver de coelhos tirados de cartolas? Vão viver de ovos jogados na multidão pelo palhaço sem graça, desde o alto de seu picadeiro de luxo?
Em tempo: a classe proletária não precisa de lágrimas e tampouco de migalhas.
Saudações!
Rosana Bond*, jornalista, Florianópolis, SC, em 20 de fevereiro de 2017.
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*Rosana Bond é integrante licenciada do conselho editorial e ex-editora-chefe do Jornal A Nova Democracia.