Assembleia durante greve dos operários no CSP Pecém 3h6y34
Cerca de quatro mil operários deflagraram greve na segunda quinzena de julho no canteiro de obras da Companhia Siderúrgica Pecém (CSP), situada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), no município de São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza (CE). A S é propriedade da Vale (50%) e das sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%). 16292z
Os trabalhadores denunciam maus-tratos por parte de encarregados e engenheiros; falta de área de vivência e de higiene nos banheiros; carteiras de trabalho retidas pela empresa; jornadas de trabalho em desacordo com a legislação; não pagamento de cesta básica, corte no benefício de plano de saúde e até agressões físicas.
Os operários sustentaram a greve durante duas semanas, até o início de agosto, aguardando reuniões de negociação. Fartos de enrolação, os grevistas atropelaram a direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado do Ceará (Sintepav-CE), filiado à Força Sindical, que orientava os trabalhadores a retornar aos trabalhos, e mantiveram a paralisação.
“Os problemas continuam, pois o acordo coletivo está sendo descumprido. Os reajustes salariais e o pagamento dos novos valores da cesta básica não têm sido atendidos” — afirmou Raimundo Nonato, presidente do Sintepav-CE ao diariodonordeste.globo.com em 31 de julho — ainda assim o dirigente sindical orientava os operários a voltarem ao trabalho. (!?)
A paralisação foi mantida até nove de agosto, quando foi anunciado que uma assembleia geral da categoria decidiu aceitar a proposta da construtora sul-coreana Posco Engenharia e Construção — contratante dos operários grevistas, que prevê apenas que:
— Dos 24 dias de paralisação, 17 foram dias úteis. Destes, nove foram abonados e os oito restantes serão pagos pelos trabalhadores ao longo dos próximos três meses: dois dias em agosto, três em setembro e mais três em outubro. Esses oito dias a serem pagos não terão reflexo nem sobre as férias nem sobre o auxílio alimentação dos empregados.
— O salário do mês de julho, que teve o pagamento suspenso pela construtora durante a greve, será pago entre os dias 12 e 16 de agosto.
A lista de reivindicações dos operários para o retorno às obras continha: plano de saúde estendido aos familiares, pagamento de cesta básica no valor de R$ 200, pagamento de percentual de 100% sobre as horas extras realizadas aos sábados, dentre outras reivindicações. No entanto, não há detalhamento algum, nem por parte da Posco Engenharia e Construção ou do Sintepav-CE sobre o atendimento dessas reivindicações.
O site do Ministério Público do Trabalho do Ceará divulgou em 12 de agosto nota sobre audiência de negociação entre “empresas que atuam no porto de Pecém” e o Sintepav-CE que selaram acordo para o fim da greve, e cita que “com relação aos pontos de divergência (como cesta-básica, horas extras, plano de saúde, seguro de vida, assédio moral, demissões etc.), que geraram a greve, as partes se comprometem a continuarem negociando, somente indo a juízo após esgotada esta oportunidade”. [fonte: prt7.mpt.gov.br]
Em fóruns de debates na internet há manifestações de insatisfação de trabalhadores sobre o “acordo” fechado para o fim da greve.