CE: 5ª Marcha da Periferia exige justiça para Chacina de Messejana 3r2c2x

Ato no Centro de Fortaleza exige justiça aos jovens assassinados na chacina em 2015, 11/11g

CE: 5ª Marcha da Periferia exige justiça para Chacina de Messejana 3r2c2x

Em sua edição nº 163, na segunda quinzena de dezembro de 2015, o jornal A Nova Democracia denunciava o crime contra o povo ocorrido na madrugada do dia 11 para 12 de novembro daquele ano em Fortaleza, capital do Ceará, que ficou conhecido como a Chacina de Messejana, distrito localizado na zona sudeste da cidade. 1p2p5s

Ato no Centro de Fortaleza exige justiça aos jovens assassinados na chacina em 2015, 11/11

“Em um período de aproximadamente três horas e meia, 11 pessoas foram assassinadas durante uma madrugada de novembro. Nove dos onze assassinados tinham entre 16 e 19 anos […].

Segundo depoimentos de familiares, policiais militares fardados invadiram suas casas, arrastaram as vítimas e as mataram a tiros. A possível motivação do crime é o assassinato do soldado Valterberg Chaves Serpa, 32 anos, ocorrido no mesmo dia da chacina. No entanto, nenhum dos mortos tinha antecedentes criminais graves”.

Foram assassinados Antônio Alisson Inácio Cardoso (17 anos), Jardel Lima dos Santos (17), Álef Sousa Cavalcante (17), Marcelo da Silva Mendes (17), Patrício João Pinho Leite (16), Jandson Alexandre de Sousa (19), Pedro Alcântara Barroso (18), Marcelo da Silva Pereira (17), Renayson Girão da Silva (17), Francisco Enildo Pereira Chagas (41) e Valmir Ferreira da Conceição (37).

Ao todo, 45 membros da Polícia Militar do Ceará foram denunciados, sendo que 44 tiveram a denúncia aceita e a prisão provisória decretada para instrução. 34 deles irão para o julgamento do júri popular e todos respondem em liberdade.

‘Não esquecemos!’

ados dois anos deste triste episódio para o povo pobre da capital cearense, no dia 11 de novembro, familiares e amigos das vítimas da Chacina de Messejana, além de organizações populares, associações, coletivos e grupos de mães de vítimas de violência policial do Ceará e de outras partes do Brasil se reuniram na 5ª Marcha da Periferia – Por Memória e Justiça, realizada na Avenida Beira-Mar. Durante os dias que precederam a Marcha, desde o início de novembro, inúmeras atividades já haviam sido realizadas.

Na convocação, os organizadores apontaram que “Fortaleza se destaca como a capital mais violenta do País” e “a décima segunda mais violenta do mundo”, além de ter se transformado num “campo de extermínio de negros”.

E denunciam: “Como resposta, as autoridades oferecem a repressão. Temer e seu governo golpista permanecem no poder atacando, um a um, nossos direitos sociais. O governador Camilo Santana (PT) através do Projeto Ceará Pacífico busca promover um pacto na sociedade pela paz. Enquanto isso, se orgulha de ter espalhado pelo Estado sua polícia ostensiva – o RAIO – que massacra cotidianamente a juventude negra”.

Segundo relatos enviados ao AND por participantes do protesto, o objetivo dele foi exigir justiça para o crime que configurou-se na maior chacina do estado do Ceará, exigir punição aos responsáveis, para denunciar a conivência do velho Estado com os grupos de extermínio e, além disso, denunciar a política de extermínio contra a juventude pobre e negra.

Prossegue o extermínio do povo

Desde a Chacina de Messejana até os dias de hoje, a situação não se alterou, pelo contrário, piorou. A guerra civil reacionária desencadeada pelas classes dominantes do Brasil contra o povo pobre tem deixado marcas profundas na periferia de Fortaleza.

Para se ter uma ideia de a que ponto chegou a violência do velho Estado contra as massas, somente no primeiro semestre de 2017, a capital cearense registrou o assassinato de um jovem por dia. Um aumento de 71% em relação a 2016, sendo que 293 vítimas tinham entre 10 e 19 anos. Em todo o estado, foram 522 jovens assassinados de janeiro a setembro de 2017.

Tais números deixam alertas à sociedade e expõem uma suposta preocupação por parte das “autoridades” do velho Estado. Em 15 de novembro, o jornal do monopólio da imprensa cearense, O Povo, apontou em seu editorial que “A Prefeitura de Fortaleza anuncia que tratará os homicídios, na Capital (sobretudo os de crianças e adolescentes) como um problema de saúde pública. Isto é, ará a emitir boletins epidemiológicos, a partir de janeiro de 2018, tal como se faz no acompanhamento de epidemias de doenças […] Os boletins identificarão as vítimas, as circunstâncias e meios empregados para assassiná-las, a área e as condições sociais dos familiares bem como o ambiente e o horário em que se deu o crime. Os dados obtidos servirão para mapear as zonas de incidência e orientar o direcionamento de políticas públicas específicas a cada realidade”.

Fabiane de Paula /Diário do Nordeste
Edna Carla Sousa, mãe de vítima da chacina (Foto: Fabiane de Paula /Diário do Nordeste)
Edna Carla Sousa, mãe de vítima da chacina

No entanto, a par da tentativa de demonstração de “preocupação” por parte da gerência municipal, esta medida não visa combater a raiz do problema (e nem poderia ser, já que se trata de um órgão do velho Estado), que é a profunda crise do capitalismo burocrático do Brasil, que incrementa a subjugação do país e a guerra contra os pobres.

Os meninos no asfalto reafirmando sua cor
Os meninos em centros, sem saber o que é amor
Nós, as mães perdidas, se pisando no pé
A tristeza a insistir em dizer quem você é

Os meninos andando e pow… já morreu!
As mulheres chorando, vai toma que o filho é teu
O país desmoronando na cabeça dos meus
E a vida desumana, mais importante que Deus.

O que será que resolve o seu medo de ter paz
O que será que resolve o seu desejo de ser mais
Esse caminhar é um jogo do azar
Esse nós nunca tivemos sorte,
com tantas possibilidades somos pretas, somos pobres
Esse caminhar é um jogo do azar, mas lutamos até a morte
com toda dignidade somos pretas, somos fortes

(Poema de Alessandra Félix trazido à nossa Redação, no Rio de Janeiro, por uma mãe de vítima de violência policial carioca que esteve presente na Marcha em Fortaleza)

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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