Ato dançante e cultural 652g3f

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Ato dançante e cultural 652g3f

O Dançateatro e os rápidos volteios do espetáculo Casa de Farinha y3w40

Preocupada com o futuro da cultura caiçara de Paraty, RJ, onde mora, a bailarina e coreografa piauense Vanda Mota criou o Silo Cultural José Kleber, e ao lado do violeiro, poeta, compositor e cantor paratiense Luis Perequê, luta por sua preservação. Disposta a ar seu saber para outros, Vanda montou a Companhia Dançanteato, com sede no próprio Silo, e trabalha a formação e desenvolvimento artístico de crianças, jovens e adultos, com cursos, oficinas e espetáculos contendo dança e teatro. 5327s

Sou natural de Teresina, no Piauí, e lá mesmo, ainda criança, iniciei meus estudos de balé clássico. Participei de grupos de danças e aos 16 anos de idade já estava dando aulas profissionalmente. Aos 18 mudei para São Paulo para estudar, e fiquei cinco anos fazendo aulas com pessoas importantes e trabalhando com vários diretores — conta Vanda.

Em 1990 vim para Paraty trabalhar com o grupo ‘Contadores de Histórias’.  Aqui  conheci o Luís Perequê, que já era muito envolvido com a cultura caiçara, e fomos trabalhar juntos  na  ‘Casa do Artista Independente’, criada por ele. Além do envolvimento profissional acabamos nos casando e amos a produzir nossos trabalhos individuais ligados, porque nossa temática esta voltada para a cultura local, seus valores tradicionais — continua.

Vanda Mota e Luís Perequê têm uma forte militância no sentido de organizar um movimento cultural de Paraty.

Trabalhamos com o objetivo de  servir como esteio cultural para a comunidade. Nosso objetivo é valorizar a cultura local, ajudar a desenvolver os produtos, que são profissionais ou que estão a caminho de se profissionalizar, nas áreas de música, teatro e dança. Também desenvolvemos projetos  nas áreas de meio ambiente e educação, ligados a cultura — fala Vanda.

No momento o Silo tem  duas sedes aqui na cidade e as utilizamos como espaço para realização de aulas de dança, nossas ou de outros profissionais que nos procuram, gravações de artistas locais, cursos diversos, palestras, exposições, entre outros eventos — continua.

Ha 14 anos Vanda criou a Companhia Dançanteato e vem desenvolvendo um trabalho com jovens, adultos e crianças na área da dança criativa.

O nome puxa para teatro, mas é na verdade um ato dançante. Não são ‘musicais’, porque o gênero musical envolve o canto. No meu caso a linguagem principal é a dança mesmo, podendo ter também textos. Já realizamos quatro espetáculos: ‘Cosmogonia africana’, ‘K’un – o receptivo’, ‘ Casa de farinha’, e ‘O sapo e a bromélia’, sempre envolvidos com a nossa cultura — relata Vanda.

Por exemplo, ‘Casa de Farinha’, remete as tradições da cidade, porque a feitura da farinha é um saber muito antigo do povo de Paraty. Temos uma casa de farinha em cena. Além disso, o espetáculo demostra o processo de transformação da própria cultura fazendo uma comparação com a que sofre a mandioca: a pelo processo de descascar, ralar, prensar e finalmente o fogo. Nada é acrescentado a ela e se transforma em um produto totalmente diferente — expõe. 

Trabalho com jovens e mensagens sérias

O espetáculo é todo feito com jovens e conta a história de duas irmãs que saem da zona rural, com uma vivência da cultura tradicional, e vão para a cidade, se deparando com o moderno.

Uma consegue permanecer com as suas raízes e a outra  se perde totalmente no que vem no refugo dessa nova cultura, que são as drogas, o álcool, enfim, a loucura mesmo. A ideia é mostrar que deve haver uma mistura e não uma segregação de culturas, mas, uma mistura em que as raízes permaneçam. Que se possa incorporar nessas raízes novos conceitos, novas direções, sem a perda da identidade — define Vanda.

É bom dizer que o trabalho que desenvolvo busca não somente o fruto artístico de uma ótima qualidade, mas também a importância do processo criativo. Nele, cada intérprete, cada bailarino, cada jovem que ingressa, tem a oportunidade de se trabalhar e não simplesmente de se adestrar como um instrumento para um espetáculo — comenta.

Consegui um convênio com a Eletronuclear, para que os componentes da Dançanteato possam ter uma bolsa de ajuda de custo. Porque quando o jovem chega em uma idade de ingressar no mercado de trabalho, a família e a sociedade cobram que ele comece a se pagar.  Essa bolsa é para que possam ter um maior tempo de dedicação e compromisso com o trabalho, e para que os pais levem a sério essa atividade artística que desenvolvemos — declara.

Segundo Vanda a companhia tem uma variação no número de componentes, porque a cada ano muitos jovens saem de Paraty para estudar nas capitais.

Mas normalmente gira em torno de 10 a 12 pessoas. Uma das nossa metas, inclusive, é também provê uma formação em dança para aqueles que possam continuar no trabalho, incluindo professores e  jovens que por um motivo ou outro não vão pra fora — conclui.

O Dançanteato tem apresentado seus espetáculos em Paraty e outras localidades, principalmente as que fazem parte da Rede Caiçara de Cultura: Ubatuba, Caraguá, São Sebastião, Ilha Bela e Angra dos Reis. No momento está montando uma nova peça. Para á-la: (24) 3371-6510 http://silocultural.blogspot.com.br  e http://vandamota.blogspot.com.br 

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