“Aldeia resiste!” 6y106r

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“Aldeia resiste!” 6y106r

Indígenas ultraam barreira policial e reocupam a Aldeia Maracanã 6g4n6m

Em 5 de agosto, a reportagem de AND recebeu um chamado de indígenas que estariam indo em direção ao prédio da Aldeia Maracanã, no Rio, ao lado do estádio de mesmo nome, para reocupá-lo. O movimento havia acabado de deixar o prédio da Justiça Federal, onde aconteceu uma audiência pública sem consenso entre os representantes do Estado e os indígenas que, em março desse ano, foram violentamente despejados do local pela tropa de choque da PM. A Aldeia Maracanã foi fundada no prédio em 2006 e, desde então, indígenas mantiveram no local um Centro Cultural, dando mostras incrementadas da cultura indígena a todos que avam por ali. 5u1e2b

O despejo do dia 22 de março de 2013 foi anunciado pelo gerenciamento Cabral com meses de antecedência e fez parte do cronograma das obras de reforma do complexo esportivo Maracanã. O estádio está sendo adaptado aos padrões da Fifa e do COI — Comitê Olímpico Internacional — para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Em seus 150 anos de existência, o prédio da Aldeia abrigou o SPI (Serviço de Proteção ao Índio), a Funai (Fundação Nacional do Índio) e o Museu do Índio, fundado pelo antropólogo Darcy Ribeiro em 1953.

Poucos minutos depois após nossa equipe chegar ao local para checar a informação de que haveria a retomada da Aldeia, um grupo de vinte índios apareceu caminhando em direção ao prédio. Quando chegou à Aldeia, o movimento foi impedido de entrar por PMs que já estavam no entorno do edifício. Acompanhados de vários apoiadores, os indígenas derrubaram as grades e retomaram o local em poucos minutos. Depois que policiais chamaram a tropa de choque, os índios se deslocaram para o terraço do edifício e removeram a escada que dava o ao local.

Nós voltamos porque acreditamos que esse prédio é uma parte pequena da reparação de anos de massacre do Estado contra os povos indígenas. Um espaço que, mesmo pequeno, está sendo negado aos indígenas. A reparação que nós esperamos é que parem Belo Monte, devolvam esse espaço definitivamente às nações indígenas e parem o massacre contra os nossos povos pelo Brasil. É por isso que nossa luta não vai parar. A conquista da Aldeia Maracanã é só o início de muitas lutas e vitórias — disse o indígena José Guajajara.

A PM não tardou a trazer seus cães de guarda com escudos, bombas e balas de borracha para intimidar os índios a deixarem o local. Sem o ao terraço, os PMs ameaçaram a equipe de reportagem de AND:

Vocês [equipe de AND] estão em um local que foi invadido e estão junto com os invasores. Vou dar só mais uma chance para vocês saírem. Senão vou considerá-los invasores como os outros e entenderei a atitude de vocês como desobediência — esbravejou um oficial da PM.

Mesmo diante dessa ameaça, nossa equipe permaneceu no local, tanto no terraço, como na entrada da Aldeia.

Encurralado pelas inúmeras manifestações que têm tomado as ruas do Rio, Sérgio Cabral mandou a secretária de cultura, Adriana Rattes, para negociar com o movimento. Temendo um prejuízo político maior para o gerenciamento estadual do que o acumulado até agora, a secretária pediu à PM que se retirasse e garantiu a permanência dos indígenas no local até que o destino do prédio seja negociado com o movimento.

Nos dias seguintes, a secretária também foi ao local e, sempre que aparecia, trazia com ela vários jornalistas do monopólio da imprensa para fotografá-la abraçando os indígenas e até dançando desajeitadamente e batendo maracá. Um verdadeiro teatro motivado pelo medo de um novo avanço das manifestações que tomaram as ruas do Brasil nos meses de junho e julho e seguem ocupando as ruas do Rio de Janeiro exigindo o impeachment do gerente Sérgio Cabral. No entanto, os indígenas e seus apoiadores conhecem bem o lobo que, agora, aparece em pele de cordeiro para negociar e prometem que não vão fazer concessões.

Outro grupo de indígenas, que na ocasião do despejo da Aldeia no final de março, deixou o local e aceitou negociar com o Estado reacionário também vai participar das negociações. Desde o despejo, o grupo vive em contêineres em um terreno em Jacarepaguá, zona Oeste da cidade, com a promessa da construção de um centro de referência que até hoje não saiu do papel.

O grupo que retomou a Aldeia e que resistiu até as últimas consequências no despejo de março, promete seguir firme com a reconstrução da Aldeia Maracanã e a luta pela instalação de um verdadeiro Centro de Referência da Cultura Indígena no local.

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