No último dia 2 de outubro, as forças militares do USA no Afeganistão desferiram um ataque aéreo contra um hospital operado pela organização Médicos Sem Fronteiras na cidade de Kunduz, no norte do país, matando 12 médicos e 10 pacientes, entre eles três crianças. 3w2n6l
O chefe das forças ianques no Afeganistão, general John Campbell, classificou o ataque como um “erro” ao qual o exército do USA teria sido induzido pelo governo do Afeganistão, segundo o qual o hospital era um esconderijo de militantes talibãs.
Mais por vitimar uma dezena de médicos que usavam jalecos da ONG, e menos pelas crianças mortas, este mais novo banho de sangue promovido pelo imperialismo ianque ganhou, entretanto, repercussão internacional, e a própria Médicos Sem Fronteiras se lançou de cabeça, com dedicação e energia impressionantes, em uma campanha pela qualificação do ataque como “crime de guerra”.
Entre 2001 e 2012, milhares de afegãos foram assassinados por operações militares realizadas pelo USA e pela Otan no Afeganistão. Na maioria esmagadora dos casos, foram bombardeados por ataques aéreos lançados pelas forças invasoras, como o que mandou pelos ares o hospital da Médicos Sem Fronteiras em Kunduz, segundo dados da revista estadunidense The Nation.
De acordo com os já imprecisos e subestimados dados da ONU e de organizações internacionais de “direitos humanos”, pelo menos 19 mil civis afegãos morreram naqueles primeiros 12 anos de invasão por causa da violência descarrilada levada ao país pelo imperialismo e sua “guerra ao terror”.
Sobre esses “erros” sem fim, a direção da Médicos Sem Fronteiras, que atua desde antes de Bush dar a ordem para a invasão, calou-se sobre seu caráter igualmente criminoso, ocupada demais que esteve em gerenciar o dia a dia de enxugar sangue, amputar pernas e braços e ajudar com os atestados de óbito das vítimas do imperialismo.
Ao falar em “crime de guerra” contra suas instalações, a ONG, na verdade, escancara o seu caráter funcional à geopolítica, e ite tacitamente que, para a MSF, a própria “guerra”, ou melhor, a invasão do Afeganistão, não constitui crime contra o povo afegão, pelo menos não que mereça registro.
Nada de novo para uma organização fundada sob a égide da “ingerência humanitária”, empulhação mediante a qual tantos crimes contra os povos do mundo já foram cometidos por trás da cortina das melhores intenções.