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A violência como resposta 1g6w6x

Sobre as massas, radicalismo, banditismo e vândalos 21s4n

No dia 19 de junho, quinta-feira, cem mil cidadãos da Grande Vitória, em especial dos municípios de Vila Velha e Vitória, ocuparam as ruas em torno da Enseada do Suá, espaço geográfico onde se concentram dois grandes aparatos estatais capixabas: a Assembléia Legislativa e o Tribunal de justiça. Será por acaso que milhares de pessoas escolheram este lugar? Será que é somente pela amplitude do espaço e sua possibilidade de comportar tanta gente? 4c3333

Na verdade a escolha foi proposital, resultado do descaso destas instituições com a população. Descaso do Tribunal quando julga todas as greves dos professores como ilegais, favorecendo os poderes executivos responsáveis pela dilapidação e precarização das condições de trabalho e da desvalorização profissional. Tribunal que corporativamente aposenta, premiando, juiz que executa outro juiz. Tribunal que vende sentenças favorecendo o grande capital. Tribunal que assiste, pacificamente, o não cumprimento do direito de todo cidadão a uma vida digna, saúde, educação, moradia. A lusititia grega de olhos vendados para o povo, mas abertos para o capital.

Assembleia Legislativa que não cumpre sua função básica de fiscalizar o poder executivo. Assembleia que funciona como apêndice de prefeitos e governadores. Assembleia que se recusa a fazer uma auditoria do pedágio da 3º ponte, paga com o dinheiro do cidadão capixaba e cedida para a iniciativa privada. Que não quer saber da onde vem o pó preto que nos intoxica e conspira contra a saúde de milhares de cidadãos. Será que são necessárias grandes investigações para revelar algo tão óbvio? Assembleia que não a de um aglomerado de deputados, preocupados com seus interesses particulares, sua perpetuação no poder, em detrimento dos interesses da população.

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No conteúdo da manifestação, diversos interesses: o fim da corrupção, a tarifa e baixa qualidade do transporte público, contra a criminalização dos movimentos populares, contra o preconceito sexual a homossexuais, contra a violência às mulheres, contra os absurdos gastos públicos com a copa e as olimpíadas, pelo investimento nas áreas sociais, em especial saúde, educação e segurança, entre outras.

Embora a avassaladora maioria protestasse de forma contundente, mas pacífica, gritando palavras de ordem e demonstrando sua indignação com a realidade capixaba e brasileira, houve conflitos, destruição do patrimônio público e privado e confronto entre grupos e a polícia.

Os jornais nacionais e locais, atropelados pela história (vaiados contundentemente nas eatas por sempre defenderem os interesses do poder constituído, estatal e privado), que até a pouco tempo chamavam de vândalos e radicais simples professores que fechavam vias públicas, revogaram seus conceitos e começaram a considerar a ocupação da rua uma demonstração do alto valor cívico e de cidadania. Entretanto, elegeram um novo alvo: os vândalos. 

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Antes de mais nada, é necessário dizer que independente das ações radicais de caráter mais político ou do oportunismo do banditismo, ambas se configuram como respostas a uma violência maior cometida pelo Estado brasileiro sobre a maioria da sua população, como em parte relatado acima, nas ações dos aparatos estatais em análise, mas sobretudo pela política econômica nacional cuja ação principal se constitui em diminuir investimentos sociais para favorecer o grande capital, em especial o especulativo.   

A imprensa que, até segundos antes que a massa desse os primeiros os na rua, fazia louvores à melhoria das condições de vida da população brasileira nos últimos tempos. Que em nenhum momento abria para o contraditório, para as denúncias de maquiagem estatística para esconder a espoliação cada vez maior dos trabalhadores, ataca acriticamente, sem discutir as causas, justamente o maior produto do descaso do poder público para com a população, em especial as crianças e os jovens: a formação para o crime, o banditismo.

Por que será que adolescentes e jovens se aproveitam das manifestações da massa para roubar, destruir bens pessoais, favorecer interesses ilícitos particulares ou de pequenos grupos? Esses jovens não existiam? Apareceram espontaneamente do nada ou são produtos sociais? Onde estava o Estado quando esses meninos eram assediados para o narcotráfico e o banditismo? Quem protegeu as famílias desestruturadas pela miséria? E o descaso com a educação escolar, com a possibilidade do o aos saberes que genericamente humanizam os homens e mulheres, que poderia criar novos princípios morais, coletivos?

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É fácil enxergar as consequências, mas e o combate às causas? Todos os representantes do poder demonstraram sensibilidade e apoio às manifestações: da presidenta ao governador, do prefeito ao presidente do tribunal. No entanto, nenhum deles assumiu a sua responsabilidade na construção de tudo aquilo que está sendo questionado, como se fossem meras vítimas ivas desta situação. Condenam as conseqüências produtos de sua criação.

Os “vândalos radicais” são também produtos de uma sociedade na qual os partidos (inclusive os ditos de esquerda) não am de meras instituições eleitoreiras. São respostas a essas ações políticas despolitizadoras e enganosas, a canalização de toda sua energia reprimida para a luta contra o Estado que os oprime. Os jovens que não se sentem representados e não participam da farsa do sistema eleitoral. Jogo com cartas marcadas pelos investimentos de conglomerados econômicos em partidos, (às vezes mais de um, só para garantir!), e por pessoas atreladas à manutenção do status quo. Os vândalos radicais são resposta à violência da assembléia legislativa, do tribunal de justiça, do pedágio absurdo da 3ª ponte, dentre várias outras arbitrariedades.

Na verdade, os representantes do “poder constituído” não estão, nenhum pouco, preocupados com a destruição do dito patrimônio público. Aliás, eles já o dilapidam há muito tempo. Em poucos dias eles substituem as vidraças. O que eles temem mesmos é a ação que quebre as verdadeiras vidraças do capital: A Revolução.

Ação que os retira da posição privilegiada garantida por sua subordinação à ordem capitalista.

Não esqueçam da máxima marxista: O capital cria seus próprios coveiros!  

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