O funeral de Sayyed Hassan Nasrallah, ex-secretário-geral do Hezbollah, organizado no dia 23 de fevereiro, cinco meses após o assassinato do líder político e militar em um violento bombardeio israelense, atraiu mais pessoas do que a cerimônia fúnebre para a rainha Elizabeth II, segundo números oficiais consultados por AND. 2i6q30
Cerca de 1,4 milhão de pessoas se concentraram em Beirute, capital do país árabe, para honrar a despedida de Nasrallah, segundo dados repercutidos pelo jornal libanês The Cradle. A multidão lotou o estádio Camille Chamoun Sports City antes mesmo da cerimônia começar e foi aumentando ao longo do dia, criando um mar de bandeiras verdes e amarelas ostentadas com o símbolo do Hezbollah e de fotos e cartazes com o rosto do líder libanês.
Por outro lado, um milhão de pessoas (400 mil a menos) compareceram à procissão da monarca em Londres, de acordo com os melhores números dos órgãos de transporte da cidade publicados pelo jornal britânico The Standard.
Os números foram ainda menores na despedida final da rainha, organizada no salão do palácio de Westminster. Somente 250 mil pessoas compareceram ao local, segundo as informações mais superestimadas. O número pode ser elevado para 250.604 se somados os 500 chefes de Estado e dignitários estrangeiros, 18 monarcas, 55 presidentes, 25 primeiros-ministros e 6 ex-primeiros-ministros britânicos.
Em termos relativos, somente 1,4% da população do Reino Unido (estimada em 68,35 milhões de pessoas) compareceram ao funeral da rainha Elizabeth II, contra 25% da população do Líbano que se dedicou a prestar as últimas homenagens a Hassan Nasrallah.
A pujança do funeral de Nasrallah torna-se ainda mais notável ao considerar que o líder libanês não era uma figura oficial de Estado, e sim o chefe de um movimento de resistência nacional classificado como uma organização terrorista por mais de 60 países – o que reduz consideravelmente o número de representantes oficiais presentes. Somente delegações do Iêmen, Iraque e Irã participaram do evento enquanto representantes oficiais. Ou seja, a imensa maioria do público eram as massas populares do Líbano.
Além disso, o funeral de Nasrallah foi feito sob constantes ameaças de aviões israelenses que sobrevoaram a região, em uma clara violação dos acordos de cessar-fogo. A tentativa de sabotagem deu errado: vídeos registram a multidão gritando Ao seu serviço, Ó Nasrallah! e Morte a Israel! No momento em que as aeronaves aram.
Maior que Reagan, Gandhi e papa João Paulo II 2r2h5c
A popularidade de Hassan Nasrallah expressa na mobilização de massas para o funeral do líder também superou a de figuras como o ex-presidente ianque Ronald Reagan, o indiano Mahatma Gandhi e o papa João Paulo II.
No caso de Reagan, a discrepância foi, assim como para a rainha Elizabeth II, em termos absolutos e relativos: de acordo com dados da Reagan Library, somente 200 mil pessoas foram até o local da cerimônia fúnebre do presidente reacionário para prestar honras – ou 0,06% da população do Estados Unidos em 2004.
O funeral de Mahatma Gandhi, no 2° país mais populoso do mundo, atraiu 2 milhões de pessoas, o que em termos relativos é 0,5% da população indiana na época, segundo dados do jornal The Cradle confirmados por AND. O funeral do papa João Paulo II registrou a presença de 4 milhões de pessoas, ou 7% da população da Itália.
Força e sujeição 6q2q26
A autoridade imposta pelo funeral de Nasrallah obrigou os monopólios de imprensa alinhados ao sionismo a reconhecerem a força do Hezbollah.
“O evento em massa foi planejado como uma demonstração de força para o grupo militante e político”, disse a CNN.
O jornal monopolista New York Times também descreveu a cerimônia como uma “demonstração de força”.
“Hezbollah enterra líder de longa data, projeta força em meio a reveses” foi o título da reportagem do Washington Post.
Foi a declaração clara de que o Hezbollah, dirigido de forma unipessoal por Nasrallah desde 1992, angariou um apoio quiçá sem precedentes com as vitórias sobre o inimigo sionista depois de meses de guerra e com a solidariedade à Resistência Nacional Palestina durante a guerra em Gaza.
O assassinato de Nasrallah, longe de incapacitar o movimento ou desorganizar suas fileiras, fortaleceu a ampla sujeição ao movimento e sua direção, de modo que mesmo o enorme contingente de massas não-combatentes presentes no funeral expressaram sua disposição de servir ao Nasrallah – hoje representado na nova direção do Hezbollah, particularmente no secretário-geral Naim Qassem.
Definhamento e novos ares 663s16
A poderosa mobilização de massas que ocorreu em Beirute foi potencializada pelo atual cenário do mundo, em que a luta anti-imperialista e revolucionária, particularmente na Faixa de Gaza, comprovou que a história humana a por um novo período de revoluções.
Nisso reside também a explicação de como o Hezbollah conseguiu fazer uma demonstração mais poderosa do que representantes veteranos do imperialismo. Representando o novo, o revolucionário, é natural que o Hezbollah concentre em torno de si um mar de massas dispostas a tomar parte na luta pela libertação – diferente dos indivíduos que representam o velho e decadente sistema imperialista.