No dia 24 de agosto, um incêndio criminoso executado a mando do latifundiário destruiu 90 toneladas de arroz, casas, paióis, além de plantações que estavam prontas para a colheita, no Povoado Vilela – Gleba Campina, em Junco do Maranhão, município que fica a 260 quilômetros (km) da capital São Luís. A produção pertencia aos camponeses do povoado. 62e2a
Os camponeses denunciam que há 17 anos latifundiários tentam expulsá-los de suas terras. A comunidade dos camponeses resiste e luta há anos por um pedaço de chão para viver e trabalhar. No povoado vivem 66 famílias em uma área de 2,2 mil hectares. Ali é onde os camponeses produzem alimentos que são vendidos para o município por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Produção dos camponeses do Povoado Vilela é destruída após incêndio criminoso. Foto: Diego Tapuio
Região registra crimes cometidos pelo latifúndio
A Região possui um longo histórico de crimes contra camponeses. Entre os meses de junho e julho deste ano, ocorreram quatro assassinatos de camponeses a mando do latifúndio na região que compreende os municípios de Arari, Codó e Junco do Maranhão, conforme já noticiado pelo AND.
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Em agosto do ano ado, Raimundo Nonato Batista, 56 anos, que estava desaparecido a quatro dias, foi encontrado morto com o corpo ocultado em uma cova rasa e com marcas de tiros. Raimundo era morador do Povoado Vilela.
Produção dos camponeses do Povoado Vilela é destruída após incêndio criminoso. Foto: Diego Tapuio
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (T), é recorrente no povoado incêndios criminosos contra casas e plantações, os camponeses sofrem constantes ameaças, inclusive com armas de fogo. As denúncias apontam o interesse do latifundiário Nestor Osvaldo Finger na terra a qual ele alega ser dono.
No entanto, a documentação apresentada pelo latifundiário possui forte indício de falsificação, segundo a T. A área, que era denominada Fazenda Santa Inês, foi desmembrada para abertura de novos registros imobiliários, agora nomeados Fazenda Santa Érica I, II e III, os quais não possuem localização real.
Até mesmo o Ministério Público do Maranhão (MP-MA), por meio da 44ª Promotoria de Justiça de Conflitos Agrários, apontou que é clara a existência de grilagem de terras na região.
O papel cumprido pelo velho Estado
Segundo Diogo Cabral, o advogado da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão (Fetaema) em entrevista ao monopólio de imprensa G1, “as famílias e as comunidades que habitam terras há décadas, há quase séculos não tem título de propriedade expedido, então isso possibilita que forasteiros criminosos se apropriem através da grilagem dessas terras”.
Em 2010, os trabalhadores entraram com processo de regularização fundiária da área e realizaram a solicitação ao Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma), mas o processo não foi finalizado devido à morosidade do judiciário à serviço dos latifundiários.