Em pomposa cerimônia no Theatro Municipal, no Rio de Janeiro (RJ), Luiz Inácio anunciou neste 11 de agosto o lançamento do “Novo PAC”. O pronunciamento foi feito ao lado de figuras como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e o governador bolsonarista do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). d3v1f
Lula anunciou que destinará cerca de R$ 1,68 trilhão ao projeto nos próximos anos, sobretudo às grandes empresas não-estatais (“setor privado”). Os antigos PACs ficaram conhecidos pelo histórico de matança de operários, grandes rebeliões e obras inacabadas. A divisão dos recursos planejada pelo governo promete a maior fatia do bolo para o chamado “setor privado”: serão R$ 612 bilhões às empresas desse ramo.
Ao lado dos afagos às grandes empreiteiras, Luiz Inácio buscou melhorar as aparências do governo ao anunciar também a geração de empregos prometida pelo projeto. A promessa é repetida desde as primeiras edições dos “PACs”, mas o histórico do programa em torno da questão é deplorável. Os “PAC 1” e “PAC 2” foram marcados pela submissão de dezenas de milhares de operários a condições extremamente precárias de trabalho.
Nova matança 406w72
Castigos físicos, relações de servidão e alojamentos precários eram recorrentes nos canteiros de obras. Além disso, eram frequentes as mortes de operários pelos “acidentes de trabalho”, resultado também da precariedade das condições oferecidas. Mato Grosso, Belo Horizonte, Rondônia e Pará foram alguns dos estados, dentre muitos, que registraram a matança de operários.
Além das mortes por “acidentes de trabalho”, eram recorrentes os sequestros e desaparecimentos de operários que se opunham às condições de trabalho precárias e até mesmo servis nos canteiros. A Usina Hidrelétrica de Jirau (RO), contou com ao menos dois operários mortos durante pela repressão policial contra protestos em fevereiro e março de 2012, além de dezenas de operários grevistas presos. Na época, doze operários foram dados como desaparecidos. A repressão foi incapaz de deter a revolta, que incendiou dezenas de galpões, alojamentos e ônibus das grandes empreiteiras.
2023: Ainda mais exploração 216b5l
Os macabros acontecimentos das últimas edições do PAC não eram desconhecidos por Lula, que chegou a elogiar a condição dos alojamentos de Jirau. Agora, Luiz Inácio promete a reedição da mesma matança de operários, que em nada trouxe de desenvolvimento ao País. De todas as obras iniciadas (com a entrega de dezenas de bilhões às empreiteiras), somente 16,8% das 29 mil obras anunciadas haviam sido terminadas até 2016, ano de encerramento “não oficial” do programa, segundo levantamento da Inter.B Consultoria.
A reedição do PAC é uma tragédia anunciada. Em um cenário de generalização ainda maior das relações servis de trabalho (vide os números recordes de “trabalho escravo” registrados esse ano) e exploração ainda maior dos trabalhadores no País após a aprovação da reforma trabalhista (até agora intocada por Luiz Inácio, que prometeu revogá-la), o que o governo promete é a exploração máxima de operários e camponeses levados aos canteiros enquanto enche as burras das grandes empreiteiras sob as promessas do falido “desenvolvimentismo”.