Indígenas Terena ocupam BR-322 exigindo reparações do velho Estado 3g6i6l

Os Terena reivindicam ainda a reparação pela transição forçada de seu território do Mato Grosso do Sul para o Mato Grosso, promovido pelo avanço do latifúndio sobre seus territórios
Foto: Reprodução

Indígenas Terena ocupam BR-322 exigindo reparações do velho Estado 3g6i6l

Os Terena reivindicam ainda a reparação pela transição forçada de seu território do Mato Grosso do Sul para o Mato Grosso, promovido pelo avanço do latifúndio sobre seus territórios

Indígenas do povo Terena estão há mais de 24 horas ocupando a BR-322, em Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso, em um protesto contra a demora do velho Estado em garantir a autodeterminação de seus territórios. No último dia 21 de maio, as Terras Indígenas (TI) do povo Terena foram invadidas pelo Departamento de Operação na Fronteira (DOF), em conjunto com a Polícia Militar, e realizaram uma série de ameaças contra os indígenas.  5k5062

O bloqueio teve início na manhã desta segunda-feira (02/03) com os indígenas queimando pneus e erguendo uma faixa exigindo respeito às seus territórios e reparações por impactos promovidos por obras do velho Estado, como a própria BR-322, que pavimentou parte do território Terena para erguer uma das principais vias de escoamento de commodities (produtos primários produzidos pelo latifúndio) do Mato Grosso. 

Em entrevista para o portal Olhar Alerta, um dos caciques da Aldeia Kuxonety, participante do ato, explicou as motivações do ato: “Já estamos aqui na BR. Avisamos as autoridades com antecedência que faríamos essa manifestação. Estamos cobrando um processo parado há 20 anos, que trata de uma indenização por parte do Estado. Quatro comunidades estão unidas nessa luta. A estrada já foi asfaltada, a bem na frente da nossa aldeia, e até agora não apresentaram nenhum projeto para minimizar os impactos”.

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Para os indígenas, a presença da rodovia facilita a entrada de figuras hostis e a falta de uma separação, eleva o risco de atropelamentos, problemas que podem afetar sobretudo crianças e idosos. 

Outra reivindicação é a liberação de licenças para o plantio de soja, milho, arroz e para a criação de gado, a fim de garantir a subsistência dos Terena. Até então, essa licença não é formalmente concedida para os indígenas, que possuem parte de seus territórios tradicionais roubados por latifúndios monocultores, estes com permissão para o plantio. 

Os Terena reivindicam ainda a reparação pela transição forçada de seu território do Mato Grosso do Sul para o Mato Grosso, promovido pelo avanço do latifúndio, principalmente a partir no final do século 19, quando, após o final da Guerra do Paraguai, os povos indígenas tiveram seus territórios invadidos e submetidos à relações de servidão. 

Em depoimento datado em 1949, Marechal Rondon, responsável militar pelo movimento de expansão do latifúndio para o Centro-Oeste, conhecido como “Marcha para o Oeste”, chegou a relatar: “São comumente explorados pelos fazendeiros. É difícil encontrar um camarada Terena que não deva ao seu patrão os cabelos da cabeça…Nenhum ‘camarada de conta’ poderá deixar o seu patrão sem que o novo senhor se responsabilize. E, se tem ousadia de fugir, corre quase sempre o perigo de sofrer vexames, pancadas e não raras vezes a morte, em tudo figurando a polícia como co-participante de tais atentados”.

Com o avanço do latifúndio, possibilitado pelo roubo das terras Terena e da subjugação de seu povo, grande parte dos indígenas se encontram longe de seus territórios originários, tornando suas reivindicações básicas para a garantia de sua subsistência. 

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Indígenas enfrentam invasões e assédios policiais 3j4n9

Nas últimas semanas, um novo episódio de ataques das forças de repressão do velho Estado causaram revolta por parte dos Terena. Em uma ação ilegal, policias do DOF e da PM do Mato Grosso invadiram a Terra Indígena Cachoeirinha, no município de Miranda. Na ocasião, os policiais não apresentaram nenhuma documentação que justificasse sua presença no local.

Como justificativa, os policiais apresentaram apenas “boatos” propagados por latifundiários locais na noite do sábado, dia 17 de maio, que acusaram os Terena de preparar uma grande retomada de territórios roubados pelo latifúndio. Atualmente, existem ao menos 40 propriedades ilegais sobrepostas aos 36,288 hectares garantidos por lei para o povo Terena, deixando a comunidade confinada em um espaço de apenas 5 mil hectares, menos de 14% do total. 

Em 2024, a TI Cachoeirinha chegou a ser cercada e parcialmente devastada pelas queimadas promovidas por latifundiários locais entre os meses de julho e agosto. Na ocasião, fotos em satélite mostravam 57 focos de incêndio, dos quais mais de 90% se encontravam em propriedades latifundiárias sobrepostas à TI. Atualmente, existem 47 propriedades invadindo a TI, ocupando cerca de 87,6% da área indígena. 

De tal forma, se as “acusações” do latifúndio estão certas ou não, o fato é que as terras latifundiárias estão ocupando o local de forma criminosa, tornando as retomadas de terra como o único meio capaz de garantir ao povo Terena a integridade do território garantido. Nesse sentido, a atuação da polícia em invadir o território indígena ilegalmente para intimidar seus moradores não é mais do que um claro ato de conivência com o roubo de terras promovidos pelo latifúndio no Mato Grosso. 

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