Greve da Educação no DF atinge mais de 200 escolas e desafia repressão

Professores exigem reajuste salarial de 19,8% e reestruturação do plano de carreira.

Greve da Educação no DF atinge mais de 200 escolas e desafia repressão

Professores exigem reajuste salarial de 19,8% e reestruturação do plano de carreira.

A greve da Educação no Distrito Federal, iniciada no dia 27 de maio de 2025, já atingiu cerca de 249 escolas das 713 unidades educacionais no território. O crescimento do movimento por aumento salarial ocorre em meio ao aumento da repressão contra os professores. No dia 3 de junho, seguranças atacaram profissionais da Educação com spray de pimenta durante uma manifestação no shopping ID, local onde fica localizada a Secretaria de Educação. Já o judiciário do DF decretou a greve como ilegal.

Um dos professores presentes relatou ao Correio Braziliense que a repressão ocorreu na entrada da Secretaria de Educação. “Estávamos com um canto de ordem e um segurança tentou entrar. Uma professora parou na frente dele, ele empurrou e ela caiu para dentro da área onde estavam os seguranças da secretaria”, contou.

Depois do empurrão, outros professores tentaram amparar a colega, mas os seguranças reagiram com spray de pimenta. “A partir disso, ficou impossível ficar lá dentro, o cheio estava muito forte e precisamos sair”, afirmou.

A principal reivindicação da categoria é o reajuste salarial de 19,8%. Os trabalhadores da educação exigem também a reestruturação do plano de carreira, com a redução do tempo necessário para alcançar o topo da tabela salarial, e o aumento dos percentuais de titulação para professores com especialização, mestrado e doutorado. Atualmente fixados em 5%, 10% e 15%, os valores pleiteados são 10%, 20% e 30%.

O diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Samuel Fernandes, lamentou a postura do GDF. Segundo ele, na reunião realizada no último dia 21 de maio com o secretário executivo da Secretaria de Educação, Isaías Aparecido, ficou claro que o governo não tinha nenhuma proposta para apresentar. “Sem proposta, não temos outra alternativa a não ser decretar a greve”, declarou Fernandes.

Além da pauta salarial, os profissionais pedem a recomposição do quadro efetivo de professores, denunciando que hoje há mais contratos temporários do que efetivos. “O governo precisa fazer as nomeações dos professores aprovados em concurso público”, afirmou o dirigente sindical.

Durante o ato, o jurídico do Sinpro relembrou que, no início do governo de Ibaneis Rocha (MDB), uma greve da categoria foi ilegalmente reprimida com multa de R$ 5 milhões. Desta vez, a greve foi aprovada com ampla participação e expressiva mobilização da categoria.

Em outra fala, um professor temporário aprovado em concurso de 2022 e ainda não convocado, denunciou a política de desvalorização do governo. “O Ibaneis tem um projeto para a educação, e ele é de destruição. Precisamos responder à altura: com greve já”, declarou.

Ao correspondente local de AND, professores defenderam a importância da greve e da construção de um sindicato independente, denunciaram também o sucateamento estrutural das escolas e a ausência de pedagogos nas unidades de ensino.

Um dos professores lembrou que outras categorias já obtiveram reajustes salariais, enquanto os docentes seguem com perdas acumuladas. “O governo tem dinheiro para os empresários, para reconstruir a cidade, mas não tem para valorizar quem educa”, afirmou.

Repressão judicial

Para tentar frear o movimento, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou no dia 4 de junho a suspensão imediata da greve, autorizando corte de ponto dos grevistas e fixando uma multa diária de R$ 1 milhão, o que não abalou os professores em luta que mantêm a a paralisação. Segundo balanço da Secretaria de Educação, 35% das 713 unidades educacionais da rede estão completamente fechadas.

O Sinpro-DF ingressou com uma Reclamação Constitucional no STF pedindo a suspensão da decisão do TJDFT. O sindicato argumenta que a medida do TJDFT, atinge diretamente um direito constitucional. “A greve é uma conquista democrática reconhecida pelo próprio STF em diversos julgados”, argumenta.

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