“Gigante Azul”, produzido pela Ovni Filmes e pelo coletivo independente Desneuralizador, foi lançado no último dia 15/11 com uma exibição ao ar livre em frente à Associação dos Feirantes da Feira Hippie, em Goiânia. O documentário capta o cotidiano dos trabalhadores da Feira Hippie: Os montadores que levantam a “Gigante Azul”, os feirantes e os ambulantes são personagens da montagem de filmagens realizadas durante meses. 13714e
O Gigante Azul está disponível na plataforma de documentários Bombozila. Enquanto o filme mostra a vibrante vida da feira como um todo, os produtores apresentam os seus personagens por meio de fotografias e entrevistas publicadas nas redes sociais, em que os trabalhadores contam suas histórias de vida.
Reproduzimos abaixo um texto da diretora de fotografia em que ela dá o seu próprio ponto de vista:
por Dheniffer Wagata
A Feira Hippie, a maior feira ao ar livre da América Latina e uma das mais emblemáticas feiras de rua do Brasil, possui uma história rica que abrange décadas de transformações e desafios. Inicialmente focada no artesanato nas décadas de 1960 e 1970, a feira evoluiu para incluir produtos industrializados e importados a partir dos anos 1980. Essas mudanças diversificaram sua oferta, mas também afastaram a feira de suas raízes artesanais originais. Além disso, a feira mudou de local várias vezes: da Praça Cívica para a Avenida Goiás e, finalmente, para a Praça do Trabalhador nos anos 1990. No entanto, essas mudanças não resolveram os problemas territoriais enfrentados pela feira, que continuou a crescer desordenadamente.
Hoje, na Feira Hippie, o cenário mudou. O aroma de incenso e o colorido das artesanias cederam espaço para roupas, calçados, praça de alimentação e outros produtos. Entretanto, uma coisa permanece inalterada: a essência das pessoas, suas lutas e suas histórias de sobrevivência.
Em meio às barracas repletas de roupas da moda, tênis descolados e produtos diversos, conheci o senhor Crispim da Mata de 62 anos, uma figura ilustre, alegre e de um carisma contagiante. Crispim trabalha com diversos órios, como cintos, chapéus, muladeiras e bonés, há muitos anos na Feira Hippie de Goiânia, aos sábados e domingos. Ele monta muladeiras, troca fivelas dos cintos dos clientes e confecciona cintos manualmente, com muito amor, alegria e capricho. Para ele, não existe tempo ruim.
A dedicação de Crispim reflete a verdadeira alma da feira: a perseverança e a paixão dos trabalhadores que, dia após dia, enfrentam os desafios com um sorriso no rosto e um coração cheio de esperança.
Os idealizadores do filme são cinegrafistas dedicados a registrar as lutas populares: Entre os vários curtas e longas metragens já feitos por eles, estão “Memórias da Terra: Cachoeirinha” e “Memórias da Terra: Vitória”, sobre a histórica Resistência Camponesa e a Revolução Agrária no norte de Minas Gerais.