O chamado “Projeto Anti-Oruam”, replicado em pelo menos 12 capitais brasileiras, chegou ao DF, apresentado pelo Deputado Distrital Eduardo Pedrosa (União Brasil). Em entrevista ao monopólio Correio Braziliense, o distrital afirmou que os artistas “criam narrativas para proteger quem destrói vidas, romantizam o crime e chamam de cultura o que, na prática, destrói sonhos. Isso faz parte de um projeto muito bem definido: manter a população marginalizada, empobrecida e refém do crime, para que continue dependente do governo.” 483x3z
“É um projeto que tem o mérito de proteger crianças e adolescentes da normalização da criminalidade dentro do ambiente escolar. Vou estudar a proposta para avaliar se algo semelhante pode ser aplicado no Distrito Federal. Proteger os jovens da influência do crime e da sexualização precoce deve ser uma prioridade das políticas públicas”, afirmou o distrital.
Sob o falacioso pretexto de “proteger a juventude”, esses projetos reacionários contra artistas que retratam a realidade crua das favelas, utilizando a ambiguidade do termo “apologia” para criar um mecanismo jurídico flexível destinado a perseguir narrativas que expõem a violência policial. Enquanto o funk e o rap estão sob a mira da censura, a apologia ao álcool permanece intocada em tantas outras produções patrocinadoras destes parlamentares, como o autonomidado “agronejo”.
Brasília possui um movimento de rap consolidado, com ícones como GOG e DJ Jamaika, cujas letras profundamente políticas se transformaram em armas de resistência, denunciando o racismo, a especulação imobiliária e a repressão policial. A lei anti-Oruam, se aprovada, impactará negativamente toda a cultura periférica que combate em suas letras a truculência policial nas favelas.
Articulado em conjunto com o capenga think tank Movimento Brasil Livre (MBL), o projeto reacionário não visa “proteger” ninguém: sua intenção é decapitar a memória coletiva de resistência que transforma a arte em organização popular. O “Projeto Anti-Oruam” representa, na prática, um ataque à diversidade cultural e à liberdade de expressão, funcionando como ferramenta para silenciar as vozes que clamam por justiça e representatividade, enquanto aprofunda as divisões sociais e restringe o debate sobre a repressão estatal.
Deputado censura o povo e ataca seus direitos 6y1711
O deputado Eduardo Pedrosa, enquanto presidente da Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF), não se limita a atacar o povo em suas expressões artísticas: ataca também seus direitos, quando em 2023 defendeu a impopular intenção de privatizar a Rodoviária do Plano Piloto sob a retórica mentirosa de “eficiência”. Não por acaso, sua política prioriza interesses empresariais em detrimento do controle público, ignorando riscos como tarifas abusivas, demissões em massa e a mercantilização de um espaço vital para trabalhadores da periferia.Enquanto mostra as garras contra a cultura do povo, Eduardo Pedrosa se solidariza com os “galinhas verdes” e generais golpistas. O parlamentar postou na rede social X, antigo Twitter, em novembro, uma comparação da tentativa de golpe com a conquista da modelo Gisele Bündchen. “Imagina reunir os amigos, ar dias montando um plano para conquistar a Gisele Bündchen: pensar em cada detalhe, ensaiar o encontro, organizar tudo”, argumentou o parlamentar.
“Mas o plano era tão absurdo, tão fora da realidade, que ninguém realmente acreditava que ia dar certo. No fim, na hora H, ninguém apareceu. Não teve encontro, não teve namoro, não teve nada”, continuou.