Em uma surpreendente reviravolta de um caso de investigação de sequestro e tortura, o delegado Adriano Félix teve a prisão revogada no dia 22 de maio pela Justiça de Roraima por, supostamente, “não oferecer mais riscos para a coleta de provas durante a investigação do caso.” 1p593h
A juíza Noêmia Cardoso afirmou o seguinte sobre a motivação que levou a revogar a prisão do suspeito: “No caso concreto, o fundamento central da medida — a preservação da investigação — encontra-se superado, não havendo, até o momento, qualquer elemento concreto que indique que a liberdade dos investigados possa comprometer a apuração dos fatos”
O Judiciário de Roraima também liberou a escrivã da Polícia Civil (RR) e vereadora de Caracaraí, Adriana Souza dos Santos (Republicanos), e impôs medidas cautelares contra ambos, como o afastamento das funções públicas. Os demais policiais do estado que foram alvos da operação seguem presos.
O delegado foi preso junto com outros três policiais no dia 22/05. As investigações apontam que eles organizaram um grupo paramilitar e se envolveram com atividades de garimpo ilegal, roubo de carga e assassinato.
Os homens são o delegado Adriano Félix, o investigador Álvaro Tibúrcio, o Com a Operação Jeremias 22:17 lançada no dia 22 de maio, o servidor da Polícia Civil do Amazonas Edmilton dos Santos e o policial militar de Roraima Jan Elber Dantas Ferreira.
De acordo com a Polícia Federal (PF), o delegado e os outros policiais organizaram um grupo criminoso para praticar atividades ilegais, dentre elas: escoltar cargas de minérios extraídos ilegalmente da Terra Indígena Yanomami; prestar serviços de segurança de forma clandestina; e realizar investigações paralelas sobre roubos de carga.
Os crimes aconteceram no dia 8 de fevereiro de 2023 na vicinal 3, em Caracaraí, localizado ao sul de Roraima.
Os policiais do Amazonas sequestraram e torturaram o homem para que ele indicasse o destino da carga de cassiterita, agredindo-o com tapas e choques elétricos, segundo as investigações.
Segundo o relato dado pelo pai da vítima à Polícia Militar, seu filho foi abordado por três homens que se identificaram como policiais e um deles perguntou a localização da vicinal 4, onde estaria ocorrendo uma briga. Assim, em uma motocicleta, o homem os acompanhou até o local.
No entanto, ao chegar no local indicado, a vítima foi algemada e ameaçada com tapas e choques elétricos e ainda foi ameaçada de ter a motocicleta incendiada pelos suspeitos caso não colaborasse.
Dentro do carro, rumo ao município de Mucajaí, a vítima foi pressionada a falar sobre alguma informação sobre um caminhão graneleiro que, segundo os suspeitos, foi furtado e transportava cassiterita, um metal usado para produzir ligas.
Durante o interrogatório, outros três homens chegaram ao local e informaram que pertenciam ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Na ocasião, eles pegaram o celular da vítima para averiguar se ele estava envolvido no caso ou se tinha informações sobre o paradeiro de um outro homem.
Ao fim da ação, eles liberaram a vítima e, inclusive, lhe deram R$ 60 para que ele pegasse um ônibus rodoviário e retornasse para Caracaraí. Os dois policiais do Amazonas foram presos à época, após serem denunciados.