Manifestação multitudinária contra o FMI na Argentina em 2022. Foto: Rodrigo Abd 6j4k5m
Milhares de trabalhadores argentinos foram às ruas no final de janeiro e no dia 8 de fevereiro para protestar contra o governo oportunista de Alberto Fernández e o seu novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O povo argentino protestou entre os meses de janeiro e fevereiro, período de renegociação da dívida cuja continuidade representou um ataque contra o povo e a economia nacional pelo governo de Alberto Fernández. Os protestos ocorreram na capital, Buenos Aires, mas também em 19 das 23 províncias do país. As massas carregavam faixas exclamando Não ao pacto com o FMI! Não ao pagamento da dívida!, As dívidas não pagam a fome! e FMI = Fome.
A reestruturação da dívida de 44 bilhões de dólares (cerca de R$ 230 bilhões) e as novas negociações com o órgão imperialista FMI foram, por fim, firmados. Essa dívida foi contraída durante o governo de Mauricio Macri, em 2018, e está sendo renegociada pelo oportunista Alberto Fernández.
O governo de Alberto Fernández tem como vice-presidente a ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner e foi eleito através da “Frente de Todos”, uma coalizão composta por diversos partidos oportunistas e revisionistas argentinos, como o Partido Justicialista (Peronista) e o Partido Comunista, que tomam nas mãos o sujo papel de reprimir e manter a exploração das massas.
Diante disso, o que as massas declaram é que a dívida é ilegítima, pois o empréstimo retirado não supriu nenhuma das necessidades básicas das massas, não foi reivindicado pelas massas e apenas aprofundou a subjugação nacional ao imperialismo ianque. Mesmo a inflação, alardeada que o empréstimo com o FMI resolveria tão logo feito, chegou a níveis absurdos: de 34,8% em 2018 para 53,55% em 2019.
Governo declara estado de alerta
Durante os protestos, o Ministério da Segurança do governo de Alberto Fernández afirmou que estava em estado de alerta e reforçaria a presença de policiais nas ruas para “evitar tumultos”. O ministério é chefiado por Aníbal Fernández, do Partido Justicialista, e foi ministro em todos os governos oportunistas desde a “redemocratização”.
O montante que a Argentina e as massas teriam de pagar para o FMI somente este ano seria de 19 bilhões de dólares.
Em 2017, logo após ser eleito, Mauricio Macri definiu seu governo de turno como “uma etapa de reformismo permanente” que iria levar a Argentina “ao progresso”. Entre os anos de 2017 e 2018, Macri ou uma série de reformas que atacavam as aposentadorias, as pensões garantidas pelo velho Estado e diversos outros programas. O dinheiro arrecadado a todos esses direitos seria, a partir dali, angariado através dos impostos pagos pela população em cada produto consumido. Além disso, não haveria mais destinação de parte do Imposto de Renda para a previdência e seria imposto um teto de gastos.
Com todos esses ataques aos direitos do povo, o consumo das massas foi reduzido, (em 2019 o consumo privado caiu em 8,8% apenas no primeiro semestre), o maior empréstimo na história do FMI foi feito e a crise se aprofundou ainda mais.
Enquanto a economia Argentina se afundava, a diretora do FMI, Christine Langarde, parabenizava o governo Macri pelo acordo. E, além de se subordinar ao FMI, viajou à Nova Iorque para tentar atrair os “investidores” de Wall Street e banqueiros ianques para a Argentina.
Christine Lagarde e Mauricio Macri durante reunião do G7, realizada no Canadá em 2018. Foto: Presidência
Macri e Fernández: farinha do mesmo saco
Logo após o início da crise no ano de 2019, Macri e Alberto Fernández falaram por telefone pela primeira vez. Ambos declararam à imprensa que estavam satisfeitos com a reunião e os “acordos básicos alcançados com o objetivo de preservar o quadro institucional e tranquilizar os mercados” e deram início a um processo de reuniões entre seus partidos para dar “estabilidade à economia durante o processo eleitoral”.
Alberto Fernández não apenas pretende dar continuidade à dívida, servindo ao imperialismo enquanto acossa as massas, como deu declarações reafirmando suas relações com o imperialismo ianque e demarcou, sobre a refinanciação da dívida, que “o governo dos USA, quando chegou a hora de encontrar uma saída para o problema, nos apoiou com seu voto”.